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Grávidas, atenção com os dentes!

Alterações hormonais típicas da gestação podem provocar doenças periodontais, que, em casos mais graves, levam a partos prematuros

Durante a gestação, são tantas as providências a tomar ; consultas, exercícios físicos, cuidados com a alimentação ; que a higiene bucal da mãe acaba ficando em segundo plano. Atentos aos sérios problemas que isso pode ocasionar, dentistas e obstetras fazem um alerta às mães de primeira viagem: doenças periodontais podem provocar parto prematuro. A advogada Juliana Xavier Ferraresi Cavalcante, 32 anos, soube desse risco pela irmã, que é odontopediatra. ;Na minha segunda gravidez, tive uma cárie e um dente que quebrou. Tudo isso aconteceu no segundo trimestre, então fiz o tratamento sem problemas e com anestesia.;

Esse delicado quadro da saúde bucal da gestante deve-se às alterações hormonais comuns nesse período. São essas mudanças que tendem a provocar inchaços e sangramentos da gengiva. No segundo trimestre de gravidez, também é possível que a mãe sinta dores nos dentes e que algum quebre nesse meio tempo. ;Nesse momento, é importante uma suplementação com polivitamínicos por, no mínimo, uma semana, somente se a gestante tiver sintomas. Senão, basta incluir mais cálcio na alimentação regular;, orienta a obstetra Raquel Armond, do Hospital Anchieta.

O aumento de ingestão de carboidratos e açúcares, nem sempre seguidos da escovação dental, pode também aumentar a formação de tártaro e cáries em grávidas. É aí que mora o perigo. Bactérias causadoras dessas doenças periodontais desencadeiam um processo inflamatório que, por sua vez, eleva a produção de substâncias responsáveis pela contração uterina. Ou seja, se não houver cuidado, corre-se o risco de um parto prematuro. Por isso, a dentista Larissa Junqueira sublinha a importância de uma criteriosa higiene bucal diária, reforçada por limpezas regulares no dentista. Só não é recomendado tratamentos com anestesia antes de 12 semanas de gravidez.

No primeiro trimestre ; fase mais delicada de formação do feto ;, a obstetra Raquel Armond, do Hospital Anchieta, também desaconselha qualquer procedimento que possa desencadear, involuntariamente, um aborto. ;Normalmente, a preferência pelo tratamento dentário se dá no segundo trimestre. É claro que, se houver uma crise antes disso, esperar pode ser pior. O importante é encontrar um dentista que atenda gestantes, porque ele sabe que deve usar uma anestesia especial, sem adrenalina, para não acelerar o batimento cardíaco da mãe e do bebê.; Também não é recomendável o uso de anti-inflamatórios e de alguns tipos de antibióticos, endossa a médica.