Considerado o quarto do planeta, o chef Alex Atala corre o risco de trazer para o Brasil ; especificamente para o seu restaurante paulistano D.O.M. ;, o título de melhor do mundo. Várias vozes especulam essa possibilidade, inclusive o The Wall Street Journal. Em artigo assinado por Howie Kahn com o título The year of cooking dangerously (O ano de cozinhar perigosamente), conta como a Amazônia deu ao ;chef Alex Atala todas as ferramentas para transformar o seu restaurante no melhor da América do Sul. E, agora, talvez, do mundo;.
Se o prognóstico do matutino norte-americano se confirmar, a comunidade internacional de entusiastas de gastronomia saberá na hora, pois a cerimônia de gala ; no imponente Guildhall, prédio de arquitetura medieval com mais de 800 anos construído no coração da capital britânica ; será transmitida ao vivo, pelo terceiro ano consecutivo. Basta acessar o link www.finedininglovers.com. Mais de 20 mil pessoas assistiram à transmissão direta do evento no ano passado.
O que torna Atala um cozinheiro tão extraordinário é a indagação que se faz diante do seu enorme sucesso. Três atributos são fundamentais: talento, técnica e curiosidade. Ao explorar o dom que Deus lhe deu (sem trocadilho com o nome do restaurante que significa domus, optimus, maximus, uma expressão latina), o chef imprimiu em sua arte diversas técnicas aprendidas ao longo de anos de trabalho em importantes restaurantes da Europa. Para ele, ;criar não é só olhar para a frente, mas também para trás, fazendo o que todo mundo já fez, de forma inesperada;. E o mais inesperado que poderia ocorrer é a transformação que ele imprime aos ingredientes da autêntica cozinha brasileira.
Nas suas mãos, qualquer produto ; até os regionais ; ganha roupagem contemporânea. Foi assim com a priprioca, raiz medicinal e aromática da Amazônia usada na confecção do tradicional banho de cheiro, com a qual aromatiza doces e sobremesas. Ele também usa cajá, pequi, tacacá, tucupi e mandioca. ;A farinha de mandioca é o único produto que existe de norte a sul e é consumido por todas as camadas sociais. Faz parte da mesa do brasileiro;, observa Atala.
Cada dia mais criativo, o chef confessa que sua meta é descomplicar. Uma tarefa difícil para quem adora novas técnicas e reúne em sua premiada cozinha (ele tambem é dono do Dalva e Dito) um monte de maquininhas, de onde saem espumas, emulsões e esferas e, ainda assim, ;penso na comida simples;, disse Atala, durante uma aula. Ao Centro-Oeste, faz tempo que ele não vem ; a última foi no 6; Festival Gastronômico em Pirenópolis, em junho de 2010. E, em Brasília, Atala veio proferir uma aula para os alunos de gastronomia do Iesb, em 1999, antes mesmo de abrir o D.O.M. Já naquela ocasião estava obcecado por ingredientes brasileiros e optou por uma queixada, espécie de porco selvagem, do qual assou o lombo e serviu com couve refogada, bacon e laranja.
Atala estudou e trabalhou na Bélgica, na França e na Itália. Em São Paulo, dirigiu as cozinhas do Filomena e do 72, antes de inaugurar o principal templo da gastronomia brasileira (Rua Barão de Capanema, 549, Jardins), que há sete anos entrou no ranking da revista inglesa Restaurant no 50; lugar. Ao receber o prêmio, o chef paulistano, jocoso, disse que não sabia se era ;o pior dos melhores ou o melhor dos piores;. No ano seguinte, pulou para o 38; e foi subindo sucessivamente até chegar ao quarto lugar, no top five.
Aos 44 anos, o chef viaja pelo mundo inteiro exibindo sua arte ao participar de encontros gourmets. Em Brasília, ele costuma vir incógnito, até para descansar na casa dos sogros. Casado com a brasiliense Márcia, Alex tem dois filhos gêmeos: Joana e Tomas, de 10 anos. Ele ainda tem um filho de 18 anos, Pedro, de seu primeiro casamento com Cristiana.
Lista da Time
Ao lado de nomes como Barack Obama, Beyoncé e Malala Yousafzai, a jovem que brigou com o Talibã pelo direito de estudar, estão Alex Atala e Joaquim Barbosa, os dois brasileiros apontados entre as 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista Time. Até a presidente Dilma Rousseff, este ano, ficou de fora.