Jornal Correio Braziliense

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Comprar, descartar, comprar

Não é tarefa fácil combater o acúmulo desordenado de lixo eletrônico em um mundo onde tudo é feito para não durar



São 19h na vida de um cidadão comum. Ao chegar do trabalho, após abrir a porta, a ação mais corriqueira é acender a luz. Num reflexo, a mão tateia a parede, alcança o interruptor e clique. Mas nada acontece. Só nos lembramos das lâmpadas quando elas falham. Aí vem à mente: "Por que duram tão pouco?". A pergunta vale para tantas coisas... A geladeira que mal saiu da garantia; o notebook que, mesmo funcional, ficou com o software defasado. Nessas horas, a assistência técnica adverte: é mais barato comprar outro do que consertar o antigo.

Produtos com prazo de validade fazem parte da cultura industrial há muito tempo. Só que, diferentemente dos alimentos vendidos no mercado, eles não trazem um aviso na embalagem. A prática tem nome e é considerada um dos pilares da sociedade de consumo: obsolescência programada. Graças a ela, as empresas têm segurança para renovar estoques e continuar vendendo. Assim, o sistema se retroalimenta.

O caso da lâmpada é emblemático: quando elas começaram a ser produzidas, duravam até 2,5 mil horas. As atuais não passam de mil horas ; uma vida útil totalmente arbitrária. Esse modelo de produção, hoje tão criticado, já foi festejado em momentos de crise. Por exemplo, após o crash da bolsa de valores de Nova York, em 1929. "Naquele momento, não se pensava em sustentabilidade. A ideia era útil porque criava empregos, aumentava o consumo e permitia às empresas praticar preços mais baixos", explica Fernando Antunes, especialista em marketing e professor do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb).

Com o tempo, ficou claro que a obsolescência programada produz também muito lixo, principalmente o eletrônico, com inevitável desperdício de matéria-prima. Abordamos nesta reportagem diversos aspectos desse impasse típico do mundo contemporâneo.


O que pode ser doado?

  • Computadores em qualquer estado de uso;
  • Monitores LCD, LED ou de plasma;
  • Impressoras, multifuncionais, fax e scanners;
  • Placas de circuitos impressos, processadores;
  • Discos rígidos (HDs), memórias, fontes, aparelhos de celular (sem bateria), estabilizadores, no-breaks e fios em geral.

Onde doar
A Estação de Metarreciclagem tem uma agenda semanal de coleta domiciliar de equipamentos. Um caminhão próprio vai até a casa do doador para recolher os produtos sem uso. Basta ligar para o 3559-1111 e agendar a visita. Além disso, há ecopontos espalhados pela cidade, entre eles:

  • Escola Parque da 210 Norte
  • Feira dos Importados, no SIA, Trecho 7
  • Agência Nacional de Água (ANA), Setor Policial, área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T
  • Ibama, no SCEN, Trecho 2, Ed. Ibama Sede
  • Instituto Chico Mendes, na EQSW 103/104, Bloco C, Complexo Administrativo


Leia esta reportagem na íntegra na edição n;393 da Revista do Correio.