Muita gente vai torcer o nariz para esta, mas há quem ande dizendo que jogar fora lâminas, desmarcar o horário na depiladora de confiança ou cancelar as sessões de laser e assumir o visual natural é tendência. Pelo menos entre funkeiras, panicats, ex-participantes de reality shows e namoradas de pagodeiros exibidas pelas redes sociais, a moda dos pelos ; quase sempre douradinhos, clareados artificialmente ; já pegou. E vira e mexe é exibida em fotos publicadas na internet em que as moças aparecem se preparando para ir à academia, depois de sessões de estética, de biquíni ou de roupas bem curtinhas. Mesmo que intenção seja esbanjar a boa forma, quem acaba protagonizando a cena são os tais pelinhos.
Mas esse apego aos pelos não é exclusividade delas nem assim tão recente. As pernas descoloridas de Adriane Galisteu, por exemplo, as quais ela exibe com a maior naturalidade, já são conhecidas há anos. Lá fora, uma das fiéis representantes da não depilação é Julia Roberts. Mas de forma um pouco mais radical. Ela já foi fotografada algumas vezes com as axilas naturais ; no tapete vermelho, inclusive ; e declarou, em várias ocasiões, que depilação não está mesmo entre as suas prioridades. Beyoncé e Penélope Cruz nunca chegaram a assumir que são adeptas dos pelos, mas também já apareceram com eles vestidas em roupas de gala. Por opção ou só esquecimento, mais recentemente foi a vez de a top model russa Natalia Vodianova surgir com as pernas sem depilação, em uma festa da revista Harper;s Bazaar, em Londres, em um longo Balmain com uma enorme fenda frontal que revelava os pelinhos.
Entre os homens, porém, não é exagero falar em tendência quando o assunto é deixar aparentes alguns pelos a mais. A barba, por exemplo, sempre foi popular, não há dúvida. Mas, de algum tempo para cá, recebeu fiéis adeptos bem mais jovens. E até o esquecido bigode ganhou status de acessório entre os mais moderninhos, o que, para a consultora de imagem Camila Teixeira, tem um pé na volta do vintage como tendência. ;Acho que o uso da barba e do bigode é um clássico. Atualmente, no entanto, um público mais jovem e atento às tendências tem usado o bigode para agregar informação ao estilo;, observa. ;A barba completa já é algo mais usual e, para os jovens, ajuda a passar um pouco mais de seriedade;, conclui.
E, justamente por passar seriedade, ela vai bem em todos os ambientes de trabalho. Dos mais descolados aos mais quadrados. ;Em todas as profissões, homens de barba são bem-vistos;, analisa o também consultor de imagem e especialista em estilo masculino Alexandre Taleb. ;O que difere é uma barba largada, sem corte, e uma barba com corte perfeito, feita em barbeiro;, opina. Além disso, diferentes tipos de escritório comportam diferentes estilos de barba ou bigode, segundo Camila Teixeira. ;Se o ambiente é mais informal, a barba pode ser mais criativa, mas sempre bem-cuidada. Para ambientes mais formais, ela deve estar sempre aparada e o bigode não deve cobrir os lábios;, ensina a consultora.
Tendência ou não, o publicitário Daniel Obregon, 26 anos, já é adepto da barba há pelo menos três anos. ;É o diferencial do homem e da mulher. Mulheres cortam, pintam os cabelos. Homens deixam a barba crescer;, brinca. A dele já passou por diferentes fases. Cavanhaque até o início do ano, bigode e, finalmente, barba cheia, para atender um pedido da namorada. Mas o visual é tão parte do seu estilo que ele mesmo conta que já demorou a se reconhecer em uma foto em que estava barbeado.
Fora a parte estética, o publicitário também diz que os pelos, às vezes, mudam a primeira impressão das pessoas sobre ele. ;Acho que você acaba sendo levado mais a sério. E quase sempre dá para perceber o estilo da pessoa pela barba que ela tem. Por exemplo, essa galera mais criativa, mais alternativa, geralmente tem a barba mais estilosinha, ou o bigode mais comprido;, observa. A consultora Camila Teixeira concorda: ;Por agregarem informação ao estilo e dizerem muito sobre a personalidade de quem usa, barba e bigode podem ser considerados acessórios. Podem rejuvenescer ou envelhecer, impor respeito, transmitir autoconfiança e criatividade, como também desleixo. É um item no visual do homem que merece toda a atenção, já que o rosto é a primeira coisa a ser vista pelos outros;.
Na passarela assim como na vida
Nem só nos rostos de homens barbados ou nas axilas de Julia Roberts os pelos estão em alta. Na última temporada de moda internacional, inverno 2014, muitos estilistas apostaram nos pelos e peles como aquecimento sofisticado para os dias frios europeus. Em Londres, por exemplo, a Moschino Cheap and Chic trouxe casacos volumosos de pelos sobre conjuntinhos em preto e branco. Já a moderninha House of Holland veio com a tendência de forma mais colorida, em detalhes, como golas e barrados. Tom Ford também apostou nos tons vibrantes, nas estampas e em jaquetas tipo motociclista, para aplicar o material. Em Milão, a tendência apareceu nos desfiles da Fendi, Just Cavalli ; com direito a protestos de ativistas contra o uso de peles ;, Prada e Emilio Pucci. A BCBG por Max Azria, em Nova York, misturou a pele ao couro e a tecidos mais finos. Já Prabal Gurung, queridinho das estrelas para tapetes vermelhos, trouxe o material arrematando golas, mangas e barrados com inspiração nos uniformes militares. Em Paris, Dries Van Noten apresentou uma versão mais leve e fácil de ser copiada no nosso inverno menos agressivo, em que o material foi usado apenas para dar textura aos tecidos.