PARIS - O último dia dos desfiles de alta-costura em Paris foi marcado por uma homenagem de Jean Paul Gaultier à cantora Amy Winehouse, e pela presença, na plateia, da atriz franco-argentina Berenice Bejo, no dia seguinte à indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante pela participação em "The Artist".
Bejo admirou, nesta quarta-feira, na primeira fila a sucessão de vestidos criados pelo libanês Elie Saab, perfeitos para serem usados no tapete vermelho de Los Angeles. Ela se apresentou com o cabelo preso num rabo de cavalo, vestido fúcsia e sapatos de saltos altos, revestidos de seda preta.
Elie Saab já vestiu a atriz em quatro ou cinco ocasiões para cerimônias oficiais, e afirmou que os tapetes vermelhos eram "sua especialidade".
A coleção estival de Saab é ricamente bordada com flores e ;strass;, predominando os vestidos longos e vaporosos, como os de uma "imperatriz moderna".
A surpresa do dia veio das mãos de Gaultier. A modelo que abriu seu desfile deixou o público desconcertado. Com um penteado alto, os olhos bem delineados e com um traço puxado, saia preta brilhante e top branco que deixava ver o sutiã, era a própria encarnação de Amy Winehouse, a cantora de soul falecida no ano passado.
"Antes de mais nada, ela era única. Na música, como na forma de se vestir, misturava muitas influências" para criar um estilo singular, explicou o estilista.
Assim como na coleção de alta-costura que Gaultier apresentou, a cantora britânica se inspirava nos anos 1950 e 1960. "Sem ser antiquada, mas, ao contrário, contemporânea, ela emocionou a todas as gerações", destacou seu admirador.
Jogando com o vestuário de Winehouse, Gaultier fez desfilar corpetes, o seu fetiche, espartilhos, as superposições, em cores vivas que alternava com o preto. Mas teve o cuidado de não ser literal em demasia.
Famosos, como a atriz francesa Catherine Deneuve, sempre fiel a ele, a britânica Charlotte Rampling e a cantora americana Beth Ditto, acompanharam entusiasmadas seu desfile.
As top models mais solicitadas no momento, como a argentina Milagros Schmoll e a americana Karlie Kloss, deslumbraram na passarela, com abrigos envolventes, capas com capuz de musselina ou vestidas de terninhos de golas assimétricas e pantalona masculina com riscas, adaptados às curvas femininas e bordados com milhares de lantejoulas.
O vestido de noiva era de um rosa empoeirado, e as modelos também desfilaram com lingerie sofisticada, cobertas com um véu negro ao estilo espanhol.
A estilista francesa de origem chinesa Yiqing Yin, de apenas 26 anos, apostou na pele de raposa, nas formas orgânicas e drapeados impressionantes. "Quis criar uma espécie de totem, a meio caminho entre o animal e o arquitetônico" para o primeiro desfile no calendário oficial da alta-costura.
Peles e rendas francesas, com uma paleta de tons negros e brancos, foram completadas com o ocre e "o ouro no estágio anterior ao brilho".
Não faltaram, também, homenagens ao decano dos bordadores franceses François Lessage, falecido em dezembro passado. O estilista Alexandre Vauthier dedicou seu desfile a ele e Bouchra Jarrar desenhou uma silhueta em sua honra.