A camisa de seda dominou as ruas e os desfiles de moda da última temporada. Após anos guardadas nos armários das mulheres, agora elas são combinadas com calça jeans, saia lápis e até com terninho. Passou a ser o uniforme da mulher do século 21. A obsessão começou em 2010, com Carine Roitfeld ; stylist e ex-editora da Vogue Paris. Ela adotou o modelo equipment francesa ; peça com bolsos frontais, usada com as mangas dobradas presas com botão. Lançada pelo marido de Carine, Christian Restoin, nos anos 1980, a peça passou por um renascimento.
Após a tendência estourada por Carine, os estilistas colocaram nas prateleiras releituras do modelo clássico. As camisas de seda apareceram com gola, laço no pescoço, mangas bufantes ou punho lisos. Tudo inspirado na estética dos anos 1970. Tornou-se um viral nas ruas mais fashion do mundo. Sem dúvida nehuma, essa é a peça que você tem que investir neste verão. Além de ser prática para qualquer clima, é um clássico. ;A camisa masculina em seda molenga é atemporal, é um investimento que dura para sempre;, defende a diretora internacional de estilo da Santaconstancia, Consuelo Pascolato Blocker.
Apesar de essencial no armário de verão, o valor dessas peças é elevado. A seda ainda é um dos tecidos mais nobres do mundo ; não há como fugir de um preço salgado. Por isso, as redes fast fashion fabricaram o modelo em tecidos sintéticos, que dão caimento parecido com a seda. Mas nem sempre com texturas tão agradáveis. Tantas opções de estilos, modelos e materiais causam confusão na cabeça do consumidor. Por isso, a Revista preparou um guia para você escolher o melhor modelo.
O modelo perfeito
;Tecidos se adaptam bem em todo mundo, o que difere são as modelagens;, explica Consuelo Pascolato Blocker. Ela dá a dica: ;O modelo mais acinturado, por exemplo, fica bem nas magrinhas e o retinho em quem tem mais seios e é mais formosa;. Para escolher a peça perfeita, conheça os modelos que estão em voga.
O tecido com o melhor custo benefício
Imitações de seda são comuns de encontrar nas lojas mais baratas e também nas mais caras. Elas podem baratear o custo da peça. Mas, ao contrário do que se acredita, esses tecidos não são necessariamente de baixa qualidade. Basta saber diferenciar os materiais sintéticos ruins dos bons. ;O ideal é escolher um tecido que se adapte perfeitamente ao clima tropical que vivemos;, explica José Favilla, consultor têxtil da Santaconstancia. Existem três etapas simples para você descobrir se o tecido é de qualidade ou não:
1) Sentir com os dedos: o que define a qualidade do tecido é a finura dos fios na hora de tecer. Quanto mais fino e maleável, mais elaborado é o produto. Por isso, quanto mais sensível ao toque, melhor a qualidade. Quanto mais áspero, pior. Os tecidos muito ásperos e com aspectos de plástico ; normalmente alguma variação de poliéster ; não deixam o corpo respirar. O que pode causar suor excessivo e, consequentemente, deixar odor na roupa. Em alguma pessoas, pode até dar alergia.
2) Observar o tecido com cuidado: olhar o tecido de perto é importante. Tecidos que apresentam bolinhas ainda na arara só tendem a criar mais bolinhas na lavagem. Outra aspecto importante são as estampas. Desenhos grosseiros, que aparecem aplicados no tecido, não vão durar muito. A tinta da estampa tem que estar integrada ao tecido, como se fizesse parte da padronagem.
3) Ler a etiqueta: pela legislação brasileira, toda roupa tem que ter uma etiqueta com a composição do tecido. Assim, há mais transparência entre as lojas e o comprador. Por isso, é importante para o consumidor aprender a lê-la. No caso da camisa, existem fibras sintéticas boas, como modal, liocel e poliamida, que podem ser misturadas com outros fios naturais, como a seda. A composição cria um resultado bom. Quem for escolher o poliéster, opte por tecidos sensíveis ao toque e que são misturados com outras fibras naturais ou sintéticas. Existem tecidos que podem substituir a seda ; e suas variações ;, como a viscose e misturas de viscose. Apesar do tecido ser opaco, também dá um caimento interessante na camisa.
Linha do tempo
A camisa de botão sempre foi item básico no guarda-roupa masculino e feminino. Mas até o início do século passado ela era usada exclusivamente como roupa de baixo. Para dar mais conforto, a peça era feita em linho branco e sem gola. Foi só em 1500 que as golas das camisas foram ficando mais elaboradas e, consequentemente, começaram a sair por cima da roupa. O primeiro homem conhecido a usá-la sem casaco foi o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi. Ele imortalizou, por volta de 1840, o modelo vermelho de mangas bufantes. Mas a moda só foi popularizada entre os homens na década de 1860. Já as mulheres passaram a usá-las por volta de 1890. Para ficar mais feminina, entretanto, as camisas eram bordadas e costuradas às saias, fazendo parte dos vestidos. Depois foram separadas e feitas em tecidos leves ; normalmente usados para fazer lingerie ; e acrescentadas rendas e bordados. No início do século 20, as operárias passaram a usar como uniforme a saia longa e a camisa. E os homens do campo começaram a fazer os modelos parecidos com os aristocratas, só que em tecidos mais escuros ; como o jeans e o xadrez ; para ficarem menos sujos. Assim, a sociedade começou a usar a camisa para distinguir os homens de camadas sociais diferentes. Foi entre as décadas de 1930 e 1950 que a camisa atingiu o seu auge de glamour com os artistas de Hollywood ; Humphrey Bogart virando símbolo para os homens, e as mulheres sendo representadas por Marlene Dietrich, que passou a usar o modelo de seda. Nos anos 1970, Yves Saint Laurent trouxe de volta as camisas para serem combinadas com os ternos femininos. O estilo criado pelo estilista virou o uniforme das mulheres que foram conquistar o mercado de trabalho nos anos 1980, só que com algumas interferências. Os ombros eram bem marcados e os materiais do terno e da camisa de seda ficaram sintéticos.