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Última noite do Fashion Rio contou com Yasmin Brunet e Daisy Lowe

Rio de Janeiro - Ontem terminou o Fashion Rio, a segunda semana de moda mais importante do país. Foram cinco dias e 24 desfiles que tinham como objetivo mostrar as tendências para o inverno 2012. Essa temporada é sempre mais morna - afinal, 80% da indústria de moda do Brasil é voltada para o verão. Esse ano, entretanto, a baixa qualidade dos desfiles e pouca movimentação foi acima do normal. Além das marcas de biquíni, que não desfilam nessa temporada, marcas sempre elogiadas, como Totem e British Colony, pularam essa edição.

A grande expectativa do Fashion Rio foi a participação de Daisy Lowe, a modelo inglesa filha do Gavin Rossdale, vocalista da banda de rock Bush. Ela vem crescendo no mercado internacional e é a primeira vez que trabalhou para uma marca brasileira. Ela desfilou para a carioca Auslander, o último desfile do evento. Mas ela acabou perdendo o brilho para o time de modelos brasileiras que a marca contratou. Estavam lá Laís Ribeiro e Diane Conterato que são grandes nomes nacionais no exterior. Também desfilou a Yasmin Brunet que contou com a presença de sua mãe, Luiza, na platéia.

Já nos bastidores, essa edição do Fashion Rio foi marcada pelo debate da reestruturação do calendário da moda brasileira. Desde o primeiro dia de desfiles, que aconteceu na terça-feira (10/1), começou-se o boato que o Fashion Rio só seria realizado uma vez por ano, por isso essa seria a última temporada de inverno. Na coletiva de imprensa, que aconteceu antes da abertura, Paulo Borges, diretor criativo do Fashion Rio e do São Paulo Fashion Week, resolveu desmentir os boatos.

Ele disse que em 2013, o Rio de Janeiro continuaria recebendo duas edições, mas com algumas mudanças. ;O nosso calendário precisa ser reestruturado. Isso é uma reclamação antiga dos estilistas. A chegada de eventos como a Rio%2b20, Copa e Olimpíadas -- que acontecem na mesma época que as semanas de moda -- só antecipou esse debate;, defendeu. A partir do no que vem a edição de verão aconteceria em abril -- normalmente é realizada em maio -- e a de inverno passaria ser a de alto-verão que será marcada em agosto ou setembro. ;Não faz sentido em um país quente como o nosso organizarmos duas semanas de moda de inverno -- a do Fashion Rio e a do São Paulo Fashion Week. Precisamos valorizar o que a nossa moda faz de melhor e isso é o verão;, falou Borges.

Outra mudança significativa que deve acontecer nas próximas temporadas no Rio de Janeiro é a junção dos dois maiores eventos de moda da cidade: o Fashion Rio e o Fashion Business. Os dois são rivais, acontecem simultaneamente e têm propostas parecidas. A idéia de ambos é aliar os desfiles de moda a uma feira de negócios. A feira do Fashion Rio -- chamada de Rio-à-Porter --, entretanto, vem perdendo espaço para a Fashion Business. Enquanto a primeira recebe apenas 80 expositores, a segunda tem 300. Em compensação os desfiles do Fashion Rio são muito mais fortes que os do Fashion Bussiness.

A coluna do Bruno Astuto, na revista Época, descobriu que os organizadores das duas semanas de moda, Paulo Borges e Eloysa Simão, vem deixando as diferenças de lado e discutindo a união dos dois eventos. O intermédio do diálogo seria o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que acredita que o estado, que é o terceiro maior exportador de moda do Brasil, ganharia mais tendo as duas semanas de moda unidas. Pouco desse assunto foi confirmado. O fato é que em 2013 a moda brasileira nunca mais será a mesma.

Confira como foram os desfiles de ontem:

Giulia Borges
A estilista colocou um pouco de tudo na passarela: renda, brilho, bordados e lurex. Tudo de uma vez, na mesma peça. Que em sua maioria eram terninhos de lã, só que no lugar de calças apareceram shorts curtíssimos. Variavam entre o branco e o flúor. O tema da coleção era Antique Dolls, as bonecas de traço detalhados. Giulia apostou também nas transparências que era veladas com peças flúor. A grande marca do desfile, entretanto, foram as peças com mistura de tecidos

Nica Kessler
O tema foi a tribo indígena Delaware que era nômade e habitou o sul de Nova York. A cor principal era o laranja que representa as chamas das fogueiras que os índios faziam. Apareceu também muitas peças trabalhadas no chamois que normalmente eram arrematados com trançados de fitas. A estilista abusou dos macacões, das saias longas e das estampas que foram feitas com exclusividade pela artista Tati Rissin.

Andrea Marques
A carioca sempre tem um dos desfiles mais esperados da temporada. Ela nunca decepciona. Andrea faz roupas para as mulheres elegante do século 21. São tecidos leves, bem cortados e impecavelmente bem feitos. E o melhor: com toques modernos. Ela usa estampas perspicazes e usa cores clássicas. É aquele tipo de coleção que dá vontade de comprar tudo. Na temporada de verão ela apostou em estampas de flores e também de carcaças de pássaros. Usou muito plissado: em camisas, vestidos e saias. Para arrematar muitas peças, Andrea amarrou camisas e até macacões com laços. Mais feminino impossível.

Oestúdio
Toda temporada, a marca coletiva -- que tem vários designers -- fazem desfiles interessantes. Mas na maioria das vezes incompreensíveis. Com pouca visão comercial. Nesse inverno, eles usaram pessoas comuns, amigos e conhecidos como inspiração. A idéia funcionou. As roupas da Oestúdio nunca foram tão usáveis, tão bem feitas e tão reais. Eles apostaram nos macacões e cardigãs com estampas de grafismo para os homens. Para as mulheres os terninhos com cortes modernos: casaquetos e calças saruel. Um destaque para a performace feita na passarela por Vanessa Goes e a Escola Angel Vianna no fundo da passarela. Que colocou bailarinos que se contorciam dentro de um tecido vermelho.

Ausl;nder
A idéia era fazer um Chill Out em clima da serra. Para chegar no clima perfeito usou o cobertor de lã como tecido. Ora como saia, ora como capas. Os homens estavam com cardigãs bacanas que eram combinados com cachecóis cheios de textura. A coleção feminina era menos interessante a mais vulgar. As mulheres apareceram com roupas justas e muitas vezes curtas. A marca colocou algumas tendências atrasadas como a camisa jeans e a calça vermelha. Destaque para o time de modelos brasileiras que ofuscaram a inglesa Daisy Lowe.