Jornal Correio Braziliense

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Antes e depois de Bob

Como um peludo shitzu se tornou um marco nas vidas de uma advogada e de seu marido

A importância de Bob, um shitzu de 1 ano e 10 meses, na família de Juciléia Leal, 31 anos pode ser percebida no momento em que se entra no apartamento da advogada. Nas prateleiras, em todos os porta-retratos que documentam a vida de Jucileia e de seu marido Francisco, 38 anos, Bob está presente. Nas fotografias, tiradas durante a gravidez dela, Bob faz participações especiais. Depois que o bebê nasceu, lá está o pet novamente, fazendo pose com Artur. ;Não sei imaginar minha vida sem o Bob.;

Juciléia sempre quis ter um cachorro, mas, quando criança, não conseguiu convencer o pai a comprar um. E o desejo foi sendo adiado. ;Eu nunca achava que era uma boa hora, ter um animalzinho é um compromisso para o resto da vida;, lembra. Em maio de 2010, Francisco resolveu surpreender a mulher com um presente de casamento. ;Cheguei em casa da aula de pós-graduação e, da cozinha, senti cheiro de cachorro. Achei ruim, mas quando vi aquela bolinha de pelo, senti como se tivesse saído de dentro de mim, como se eu precisasse protegê-lo;, conta. A partir daí, o amor só cresceu. ;Ele trouxe luz para minha vida e enche os meus dias de paz, cumplicidade, amor, companheirismo, união e dedicação;, derrete-se a advogada.

Antes do cãozinho, Juciléia se descrevia como uma pessoa fechada e até um pouco fria. Mas algo aconteceu com a jovem, que hoje se considera mais emotiva, tranquila e afetiva. A presença do shitzu acabou fomentando também o desejo de ser mãe. Há cinco meses, nasceu o pequeno e sorridente Artur. ;Muita gente me dizia que era uma loucura continuar com cachorro tendo um bebê em casa. Mas não largo o Bob de jeito nenhum. Ele demorou um pouco, mas já entendeu que não é mais o único neném da casa;, explica. A advogada se desdobra para dar atenção aos dois e vem fazendo um bom trabalho.
O pet precisa descer duas vezes ao dia e ela deu um jeito de conciliar os cuidados com seus dois filhos ; o humano e o canino. Vai segurando a bolsa, empurrando Artur no carrinho e puxando Bob pela coleira. O compromisso com o pet se estende também para a família. Quando chove, a mãe de Juciléia é acionada ; vai até a casa dela cuidar de Artur enquanto a advogada leva Bob para passear. ;As pessoas não acreditam como eu consigo fazer isso tudo, mas faço com o maior prazer, não considero um trabalho. Minha vida é assim há dois anos, faço tudo por ele.;

Desde que chegou, Bob cresceu em tamanho mas continua uma criança. Não sossega enquanto não recebe atenção. ;Ele acha que qualquer um é o melhor amigo dele e está sempre animado para brincar, é supermimado;, conta a proprietária. A sintonia entre os dois e tão grande que, durante a entrevista, Bob ficou olhando fixamente para um armário espelhado e Juciléia entendeu que ele queria alguma coisa embaixo do móvel. Não hesitou e abaixou para pegar o ossinho que o pet queria. E o cãozinho nunca fica sozinho ; sempre que sai de casa, a advogada leva Bob consigo. ;Faço o possível para mantê-lo perto de mim, só não o levo quando vou ao hospital ou onde não entra cachorro. Nesses casos, deixo Bob na casa da minha mãe.;

A polêmica agora é sobre a permanência de Bob no condomínio onde mora a família. ;Pelo estatuto, não se pode ter nem peixe em casa;, explica a advogada. Ela entrou com um processo para conseguir manter o cãozinho legalmente no conjunto de apartamentos. Mas, se perder a ação, o plano já está decidido. ;Vendo esse apartamento e vou pra um lugar onde o Bob possa ficar;, afirma, sem nenhuma dúvida. Ela pensa, inclusive, em abrir uma casa para acolher cães de rua, cuidar deles e encontrar novos donos. A velhice do animal também a preocupa. Mas uma coisa é certa: ela e Bob ficarão juntos até o fim