Jornal Correio Braziliense

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Rápido e eficiente

A experiência do repórter Rafael Campos com o Speed Dating

Fugir do acaso assusta muita gente quando se fala de amor. São tantas ideias pré-concebidas de que os relacionamentos precisam surgir com pouco esforço, que qualquer mudança nesse processo soa como desespero. E, desse jeito, muita gente doida para dormir de conchinha volta para o edredon sozinho. Ainda bem que há os que se arriscam. Uma das incursões noturnas que originaram essa matéria foi em um Speed Dating. No subsolo de um restaurante na Asa Norte, sete homens e sete mulheres tinham sete minutos para conversar entre si. O tempo tinha de ser necessário para causar uma boa impressão. Caso a atração acontecesse, os participantes ficariam sabendo no dia seguinte, quando a organização repassaria os contatos aos que ficaram interessados mutuamente.

Namoro há quase três anos, mas sou casado com o jornalismo há sete. Ele, claro, venceu o amor mais jovem e fui, com a aprovação dos organizadores, participar da primeira edição. Os grupos, que ficam divididos por idade ; o meu era dos que tinham entre 25 e 35 anos, mas há também situados nas casas de 35 a 45 ;, só se conhecem, claro, no momento em que Fernanda Espíndola Leão, 26 anos, explica o conceito do Speed Dating.

É preciso escolher um codinome. Segundo Fernanda, isso evita que aquela pessoa da qual você não gostou saiba seu verdadeiro nome. A ideia é conversar sobre si mesmo e com o outro na busca de gostos comuns que justifiquem um novo encontro, mais longo. Sentadas em pequenas mesinhas, as mulheres falam com os rapazes durante o tempo estabelecido. Aqui, cabe um adendo. Se o seu preconceito imagina que elas não são bonitas ou são chatas, saiba que está enganado. Todas as sete, além de beleza, tinham bom papo e carisma, fugindo de qualquer estereótipo.

Inclusive, eu conhecia uma das participantes. E ela representa bem a solteira brasiliense: funcionária pública com um cargo no qual ganha muito bem, alta, morena, bonita e interessante, ela garantiu que, independentemente da quantidade de solteiros, Brasília é uma cidade difícil para conseguir algo mais sério. Mas pediu anonimato, porque não se sentiu à vontade de aparecer como solteira, um problema que enfrentamos com a maioria das mulheres entrevistadas ; mesmo elas tendo preenchido as vagas, segundo a organização, bem mais rapidamente que os rapazes. Esses eram mais heterogêneos. Alguns com um ar de pouco traquejo social; outros, falantes e bonitos, com cara de quem sofreram desilusões amorosas, e ainda alguns que, simplesmente, estavam tentando uma nova forma de conhecer alguém.

Ao fim, parece que deixei uma boa impressão. Das sete meninas, cinco me responderam. Aproveito para pedir desculpas a elas, já que estava na minha persona jornalística, mas garanto que a ideia é boa para quem pretende mudar o status de solteiro para "em um relacionamento sério".