Por Cecília Garcia //Especial para o Correio
Se falasse, cada peça de mobiliário feita com madeira de demolição poderia contar uma história. Seja de quando foi a janela de uma casinha no interior, o dormente de uma estrada de ferro ou a porta de uma casa grande. E não seriam poucos os casos a serem ditos, muitos deles com sotaque mineiro, pois uma das características dessa madeira é ser proveniente de construções antigas, com muitos anos de história.
Se você pensa que esses móveis são apenas para compor ambientes rústicos, está enganado. É possível inseri-los em decorações com ares modernos, sem que percam o charme típico. ;A madeira de demolição é atemporal. Vai bem com vários tipos de móveis, bastando usá-los com equilíbrio e bom gosto;, explica a decoradora Cristiane Calixto. Ela também ensina que não existe um ambiente em que não possam ser usados. Mas, para isso, é preciso harmonizá-los com móveis de características mais leves.
A fabricante e designer de móveis de demolição Maria Auxiliadora Gomes diz que é possível conciliar a madeira com outros materiais, como ferro, vidro e granito, criando peças únicas. ;Será um móvel que combina com tudo, mas que não pode ser usado em grandes quantidades num mesmo ambiente, porque o torna cansativo;, ensina. A exceção para o uso demasiado é em churrasqueiras e varandas, que têm como característica a rusticidade.
Mesmo sendo um tipo de móvel resistente e com uma ótima durabilidade, são necessários alguns cuidados. Maria Auxiliadora afirma que não se pode deixá-lo exposto à chuva ou ao sol, correndo risco de ficar rachada e perder a coloração. Outra forma de manutenção é passar cera e lixa fininha periodicamente.
Mudando de forma
O processo de transformação desse material bruto em mobiliário passa por algumas etapas. O fabricante de móveis Antônio Almeida explica que, primeiramente, a madeira é recolhida de casarões e de construções, como currais e fazendas, em estágio de demolição. Depois, ela é desentortada e passa por um processo que evita o aparecimento de cupins. Por último, ocorre a transformação em móvel. Grande parte das peças de madeira de demolição vinha principalmente de Tiradentes (MG) ; onde fica a fábrica de Antônio ; e de outras cidades mineiras. Mas elas estão se tornando cada vez mais escassas na região. O fabricante agora compra, principalmente, a matéria-prima de Santa Catarina e do Mato Grosso.
Agradecimento: Belart e Vila Granato