Jornal Correio Braziliense

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Ensaio para a paternidade

Como os homens esperam a chegada de um bebê? Dúvidas, ansiedade e até sintomas típicos de uma gravidez podem aparecer. A boa notícia é que, agora, eles também estão se preparando para ser pais

Eles também engravidam. É verdade. Não no sentido fisiológico da coisa, é claro, mas os novos pais estão cada vez mais tomados pelas emoções da gravidez. A espera de um filho, seja o primogênito ou não, desencadeia uma série de sentimentos que tornam os homens mais participativos durante os nove meses de gestação. São pais que se preocupam com o bem-estar da mãe e do bebê, acompanham as consultas médicas, pesquisam em livros e tiram dúvidas com os amigos, querem saber a melhor maneira de serem úteis nesse processo. Não só isso. Dão palpites na escolha do parto, frequentam cursos preparatórios, sabem tudo de primeiros-socorros, não veem a hora de dar o primeiro banho e não admitem ser substituídos pela sogra ou pela madrinha na maternidade, nos primeiros dias pós-nascimento.

Com tamanha solidariedade, alguns até se sentem indispostos, têm enjoos, crises de ansiedade e ganham peso, sintomas típicos da mulher grávida. Parece mentira, mas não é. O fenômeno tem nome (Síndrome de Couvade) e é até estudado por pesquisadores. A alteração de comportamento reforça a mudança dos tempos e das relações de família. Esses novos homens ; e futuros pais ; estão redefinindo o significado do gestar. O verbo agora não está mais relacionado apenas com as mudanças físicas na mulher e no bebê, mas também com a preparação emocional para receber um novo membro da família.
;O período da gravidez para o homem está muito relacionado com um resgate do relacionamento com os próprios pais; daquilo que vai querer repetir e o que ele vai querer fazer diferente. Essa é uma das razões que explicam por que ficam tão sensíveis;, explica a Helena Morais, psicóloga especialista em saúde perinatal do Hospital Santa Lúcia. Por isso, é importante que o casal tenha um diálogo aberto sobre como vai ser a criação desse bebê e como eles vão dividir as tarefas. Para que eles estejam sintonizados. ;A vida muda tanto após o nascimento que, às vezes, é complicado ter esse diálogo no pós-parto;, avisa Helena.

Apesar da nova definição da paternidade durante a gravidez, o principal papel do homem continua sendo o de cuidar da mulher e de quebra, do bebê. ;Tomar a frente de atividades que a deixe cansada e, principalmente, ser um apoio emocional durante as mudanças comportamentais provocadas pelas alterações hormonais é essencial para o processo;, analisa Petrus Sanchez, chefe clínico da obstetrícia e ginecologia do Hospital Brasília. Em uma gestação, infelizmente o pai não define nada. Quem dita o ritmo é a mãe e o bebê. É a hora que eles deixam de ser protagonistas e passam a ser observadores do crescimento do filho. Isso por si só já é essencial, no entanto.

Juntos no enjoo e no parto
;Eu quero parto natural;, afirma o diplomata Marcelo Brandt, 32 anos. Ele fala e imediatemente ri do que parece absurdo. É que sua mulher, a artista plástica Juliana Zelner, 34 anos, a qualquer hora pode ter o primeiro filho do casal e Marcelo acompanhou esses nove meses de muito perto. Participou de todas as decisões, da escolha de médico até do tipo de parto que teriam.

Tão envolvido, que até enjoo sentiu nos primeiros meses. Parece inexplicável, mas era só ele ter o sintoma e sabia que a mulher estava da mesma forma. A sintonia nunca falhou. Tanto que ele começou a testar formas de aliviar o mal-estar e ensinar a mulher se livrar do desconforto. Descobriu a hora certa de comer para não ter o enjoo e avisou à Juliana. Os dois se divertem com a história, mas no fundo acham que isso é resultado de uma profunda ligação emocional em um momento tão importante da vida de ambos.

Presente sempre, ele foi com a mulher até Curitiba só para participar de uma palestra sobre parto ativo, uma modalidade de parto em que não há médico ou parteira para ajudar. A mulher é quem faz tudo para a criança nascer. Ou melhor, quase tudo. Precisa de um acompanhante para dar uma força. No caso de Juliana, Marcelo seguramente estará a seu lado. Tanto para dar o apoio emocional e até físico, no caso dela precisar ficar de cócoras ou precisar de alguém que a carregue, segure, massageie, abrace, enfim, durante o parto. Mais do que solidariedade e companheirismo, para Marcelo, o nascimento do filho será um momento mágico, para o qual não mandará representantes. ;Deve ser emocionante e totalmente diferente de ficar esperando o bebê nascer na sala ao lado. Não estar presente nessa hora é como se eu estivesse perdendo o maior espetáculo da vida;, comenta.

A dedicação desse pai, que assumiu a gravidez como sua também, não para por aí. O diplomata estudou, leu, pesquisou todos os assuntos relacionados à gravidez, ao parto e aos cuidados com o bebê. Juliana brinca que ele já é quase um pediatra, tanto conhecimento que tem de primeiros socorros e cuidado com o neném. Também participou de cursos preparatórios para ajudá-la a se sentir melhor em momentos de estresse. Aprendeu a fazer massagens relaxantes nela, por exemplo. ;Esse tipo de coisa ajuda o pai a ficar mais calmo. Sei que posso ajudar a qualquer hora que precisar;, comenta.
A relação com o filho, que ainda não tem nome escolhido, também foi crescendo a cada dia. Marcelo acompanhou todas as etapas de desenvolvimento dele dentro da barriga. Fazia questão de conversar e cantar para o bebê. Tudo fez para que o pequeno soubesse que o pai estava por perto. ;Teve uma vez que a Ju dormiu, mas a barriga estava mexendo. Me deitei ao lado dela e comecei a cantar. Parou na hora e ela nem percebeu. Só contei no outro dia;, conta orgulhoso esse paizão, que não vê a hora de conhecer seu filho.

Ligeiramente grávidos
A primeira vez que alguém falou na possibilidade de o homem estar ;grávido; aqui no Brasil foi na década de 1970, quando a psicóloga Maria Tereza Maldonado e o médico Júlio Dickstein lançaram o livro Nós estamos grávidos. A ideia era justamente mostrar que a gestação biológica era feminina, mas a espera de um filho deveria ser vivida pelo casal. ;Quando o livro foi publicado, foi um espanto. Naquela época só se falava da relação da mãe com o filho e havia pouco reconhecimento do papel do homem na formação da criança;, comenta Maria Tereza, especializada em terapia de família.

Nos Estados Unidos, essa participação efetiva do homem durante a gravidez da mulher já era debatida e incentivada. Nessa mesma época, ela já estudava por lá a Síndrome de Couvade, que remete aos hábitos de tribos indígenas em que o homem é quem recebe as homenagens e fica de resguardo durante a gravidez. Sua participação em um nascimento é considerada tão fundamental que eles realmente vivenciam o período como se estivessem gerando o bebê.

Trazendo o rito para a rotina dos pais, o fenômeno explica algumas transformações no comportamento e nas emoções deles. ;A síndrome aponta uma repercussão da paternidade tão profunda no homem, uma solidariedade tão grande com a mulher, que é possível notar mudanças emocionais e físicas no corpo deles;, explica a psicóloga, uma das primeiras a falar dessa possibilidade há décadas atrás.

Estudos apontam inclusive que alguns ganham peso ao longo dos nove meses. ;De alguma forma, eles sentem que estão gerando essa criança também;, acrescenta Tereza. Ainda que não sinta fisicamente os sintomas de uma gravidez, emocionalmente ele se entrega.

Mesmo de uma forma não tão óbvia, cada vez mais os homens se sentem responsáveis pela criança desde os primeiros dias de gestação. Com a chegada de novas tecnologias, na década de 1980, isso se tornou ainda mais real. Foi possível escutar o coração do bebê, saber o sexo, até ver o rostinho com os exames 3D. Além disso, uma série de parafernálias começou a acompanhar as reações do bebê e provar que ele podia ser estimulado ao ouvir a voz do pai, por exemplo. Tudo isso derreteu o coração dos machões, que não foram criados para ser cuidadores ; haja vista a repressão familiar se um menino decidisse brincar de boneca tempos atrás. Eles cresceram sem poder fingir que eram responsáveis por um bebê e se sentiram perdidos quando o fato se tornou realidade sem treinamento prévio.

Maria Tereza está na terceira atualização do livro, de mais de 30 anos, que definiu que o casal engravida junto. ;Na edição atual, nós acrescentamos, inclusive, os conhecimentos sobre neurociências que mostram que qualidade do relacionamento dos pais com o bebê pode ajudar a formar a arquitetura cerebral da criança;, afirma.

O mundo mudou. Os homens também
Dentro da família, os homens sempre tiveram o papel de provedor. As mulheres ficavam em casa criando um ambiente acolhedor para o marido trabalhar e os filhos crescerem. Com a emancipação feminina e a conquista do mercado de trabalho a estrutura familiar se transformou. O homem teve que se adaptar ao novo papel social da mulher e passou a ser mais participativo nas tarefas domésticas e na criação dos filhos.

A dificuldade aparece, no entanto, porque eles nunca brincaram de boneca ou ajudaram a cuidar dos irmãos ou primos mais novos. Aí, acaba ficando mais difícil mesmo que haja interesse. Por isso, a participação deles nos cursos de grávidas tem crescido ao longo dos anos. ;Eu quero fazer parte de todo o processo e desempenhar o papel de pai da melhor forma que eu posso. Como eu não sei nada sobre criar bebês, pesquiso e faço os cursos;, resume o pai de primeira viagem Marcus Vinícios Botelho, 41 anos. A mulher dele, Ana Paula, está com oito meses de gestação.

Não só ele. É difícil encontrar nos cursos uma mulher que não esteja acompanhada do pai da criança ; normalmente isso acontece só em casos extremos. ;Nas minhas turmas, as mulheres devem vir acompanhadas e de preferência pelo pai;, conta a enfermeira Luzirene Costta, professora do curso de gestante na clínica Maternar. É importante a presença masculina, já que, depois da chegada do bebê, a mulher tem que ter uma companhia para dividir as obrigações. Além de ela estar de resguardo, o bebê precisa de cuidados especiais. Essa é a hora em que o homem se torna mais importante. ;Eles são cheio de dúvidas em relação aos primeiros cuidados com o bebê e com a mãe;, acrescenta a enfermeira.

Nesse tipo de curso, eles aprendem de tudo. Desde trocar fralda até a dar banho no bebê. Dentro da maternidade, por exemplo, aprendem que devem acompanhar o filho assim que ele sai da barriga da mulher, já que ela está na mesa de parto. Existem cuidados nos quais os homens se sentem mais à vontade. ;O banho é o momento do pai com a criança. Eles podem tomar juntos no chuveiro. É o momento da troca, do contato de pele. Fora isso, o bebê está dormindo ou mamando;, sugere a monitora perinatal Stephanie Sapin-Lignieres.

Nos cursos preparatórios, as professoras ainda ajudam a definir os papéis do pai e da mãe no pós-parto para facilitar a chegada de um novo membro a família. Assim como o papel de cada um na hora do parto. ;O processo todo é importante para que quando o bebê nascer, os pais não sejam pegos desprevenidos. Isso causa menos estresse em um período que já é cheio de inseguranças;, explica Luzirene.

Essa interação é importante para que caia a ficha do pai que um bebê está chegando. ;Esses cursos ajudam dar uma perspectiva real do vamos enfrentar daqui uns meses. Parece que tudo toma forma;, coloca Marcus Vinícius. A mulher tem uma noção do bebê mais intensa, porque ela carrega ele desde o primeiro dia. O homem vai desenvolvendo a paternidade ao longo da gestação. O processo é progressivo e se desenvolve com a criança.

A segunda viagem
Durante os três anos de namoro os servidores públicos Lia Miranda, 29 anos, e Rafael Gazzola, 28 anos, sempre conversaram sobre ter filhos. Quando eles finalmente se casaram, em 2006, foi uma questão de tempo até começarem a tentar engravidar. Emília, a primogênita, nasceu em setembro de 2009. Agora, quase dois anos depois, Lia e Rafael estão esperando o segundo. Ela está no oitavo mês de gestação, mas ainda não sabe se é menino ou menino. A família já descobriu, entretanto, que a segunda gravidez é muito diferente da primeira. Principalmente para Rafael. ;Dessa vez consegui me sentir mais útil. Ajudei ao máximo na casa e com a Emília para aliviar a barra para a Lia. Na primeira, queria participar e fazer mais do que podia. No início, fiquei frustrado e com medo de não estar fazendo o suficiente;, conta.

Antes de engravidar pela primeira vez, o casal foi a médicos especialistas, mudou a dieta, fez exames e adotou uma nova rotina. No mês seguinte em que Lia parou de tomar anticoncepcional, ela ficou grávida. ;Nos preparamos em excesso. Não foi tão difícil quanto imaginamos;, conta a mãe. Todos os passos foram dados com os conselhos dos livros e dos médicos. Eles compraram alimentos saudáveis, fizeram um cardápio especial e faziam caminhadas juntos. Cada momento e mudança provocados pela gravidez era curtido em dupla. ;Ajudei em tudo que podia e tentei entrar na mesma rotina que ela. Estava ali para auxiliar;, relata Rafael. Ele cortou as saídas à noite e não bebia mais do que um copo de cerveja.

A chegada do segundo herdeiro, porém, exigiu mais que adaptação do casal. Agora tinham Emília, que também teve que ser encaixada na equação. Foi aí que Rafael entrou em ação. Levantar à noite para ajudar a filha virou função exclusiva dele. A ideia era que Lia pudesse descansar. Por conta das novas tarefas, não conseguiu acompanhar a rotina de exercícios e acabou ganhando o peso que perdeu na primeira gravidez. Mas dessa vez estavam mais flexíveis e não seguiram à risca todas as recomendações dos livros. ;Isso tudo isso fez com que a gente curtisse mais a segunda gravidez. A gente sabe que no fim vamos dar conta de tomar conta de um bebê;, conclui.

Cansada fisicamente, Lia conta com o apoio do marido. Como sente muitas dores das costas devido a uma hérnia de disco, toda noite ela recebe massagem de Rafael. Assim, consegue dormir melhor. Além disso, o marido realiza a maioria das tarefas domésticas para evitar o cansaço dela. Na reta final, também virou motorista: é ele quem a leva e a busca no trabalho. Outra ação fundamental, segundo Lia, é que ele resolva os problemas burocráticos sem a consultar. ;Nessa fase da gravidez, não quero saber se tem problema na conta do cartão de crédito;, acrescenta.

O pós-parto deles
Além da ansiedade e da preocupação em desempenhar bem o papel de pai, de ser provedor, de ser marido ideal, o homem que acompanha a gravidez da mulher ainda tem que lidar com as mudanças de humor, com os desejos da mulher e de quebra se adaptar à nova relação do casal. Somado a isso, ocorrem as avaliações internas, o contato com emoções pessoais nunca experimentadas. Pode vir uma dose de ciúmes, por ter que dividir a mulher com o filho. ;Algumas mudanças mais significativas na vida, como a espera de um filho, podem abalar o padrão de relacionamento. Quando o homem se sente muito dependente da mulher ou quando a mulher se sente muito frágil, insegura, dependente da proteção do homem; a vinda de um filho pode ser sentida como ameaça de romper o equilíbrio já estabelecido;, avalia a psicóloga Maria Tereza Maldonado, no livro Nós estamos grávidos.

Um turbilhão de sensações podem fragilizar esse futuro pai. Alguns especialistas chegam inclusive a falar de depressão pós-parto masculina, uma patologia até então associada apenas às mulheres que acabaram de ter um filho. Um diagnóstico superficial poderia definir como tristeza excessiva e persistente, por pelo menos duas semanas seguidas após o nascimento do bebê.

A psicóloga Cynthia Boscovich é cuidadosa ao falar do quadro. Alerta que o nascimento do bebê em si não é responsável por provocar a depressão, mas pode ser um fator que, somado a outro contexto, desencadeia os sintomas. ;A gestação e o parto mobilizam questões emocionais inconscientes. O homem se dá conta de que terá um filho para sempre, o que significa responsabilidade e dependência. Ele vai entrar em contato com seu lado filho e usá-lo no papel de pai que desempenhará;, explica.

E isso pode assustar. Afinal, a chegada de um bebê envolve mudança de rotina, novo planejamento financeiro e novidades na relação do casal. ;Depressão masculina pós-parto da mulher pode estar relacionada, inclusive, à dificuldade que o homem tem de aceitar a relação da mulher com o bebê;, acrescenta a psicóloga, sugerindo que o ideal é que ele participe dos cuidados da gravidez e da criança para não se sentir excluído dessa nova família.

Exigências e preocupação em excesso podem ser o estopim para os sintomas depressivos. Cynthia explica que esse novo pai pode sentir-se incapaz ou ser exigente demais, por exemplo, impondo a si próprio um nível de cobranças acima do que consegue cumprir. ;A preocupação com a estabilidade financeira da família ou a mudança da rotina que tinha com a companheira antes do bebê nascer, também podem contribuir para desencadear angústias;, alerta. Nesses casos, a terapia pode ser muito útil para ajudar a resolver tais questões.

De homem para homem
Marcelo Felinto e a mulher, Valéria Labate, planejaram com muito carinho a chegada do filho Caio ; que nasceu em setembro de 2009. A gravidez foi esperada e o casal fez tudo que podia para receber bem o bebê. Na lista de obrigações estavam os cursos de grávida em que Valéria se inscreveu. Marcelo foi acompanhá-la. Durante as aulas e nas salas de espera dos consultórios, Marcelo descobriu, em conversa com outros pais, que nenhum deles achava que o curso ou as dicas dos médicos davam uma perspectiva real sobre o que seria paternidade. Eles eram exclusivamente voltados para as mães.

Mesmo assim, Marcelo concluiu os cursos.
Só não poderia imaginar que os ensinamentos seriam tão úteis. Vinte dias após o nascimento de Caio, Valéria e Marcelo estavam se preparando para ir à consulta de rotina com o pediatra quando Valéria começou a sentir umas dores no peito. O casal acreditava que era apenas algum problema muscular. Por isso, decidiram que ela iria ao hospital ver o motivo da dor e ele levaria o filho ao pediatra. Após a consulta, enquanto Marcelo voltava para casa, recebeu o telefonema da sogra contando que o problema de Valéria era mais sério do que imaginaram. Ela teve uma embolia pulmonar e estava internada na UTI. O caso era gravíssimo e ela corria risco de morte.

Foi assim que Marcelo se viu em casa sozinho com um bebê de 20 dias. Ele olhou para o filho e disse: ;Estamos juntos nessa, pode ficar calmo que eu vou dar conta da situação;. Marcelo deu banho no filho, ligou para o pediatra para se informar de como substituir o leite materno e logo preparou a fórmula. ;Se eu não tivesse feito os cursos durante a gravidez da minha mulher, não saberia como lidar com aquele problema;, conta. Durante a semana em que ela ficou no hospital,

Marcelo dividiu as responsabilidades de cuidar da mulher internada e do filho recém-nascido com a sogra.
;Estava tranquilo e a situação em casa sob controle. Queria que minha mulher se tratasse com calma. Naquele momento, o importante era que ela se recuperasse. Por isso, eu precisava mostrar que eu sabia o que estava fazendo;, explica Marcelo. Ele conversava diariamente com Valéria via Skype e mostrava como o filho estava ambientado com a nova rotina. Aquele período foi importantíssimo para que ambos se entrosassem, se conhecessem. ;Criamos um vínculo para a vida inteira;, conta.

Passado o furacão, a experiência mudou para sempre a vida de Marcelo. Na época do nascimento do Caio, ele já estava em um período de transição de carreira. Depois do susto que passou, percebeu que poderia ensinar outros pais a lidarem com seus filhos e com a paternidade. Ele montou um curso em São Paulo ; em formato de bate-papo ; para os homens poderem conversar e dividirem suas preocupações. A ideia é ensinar todos os princípios básicos sobre como tratar a gestante, a mãe e o bebê durante a gravidez e no pós-parto. A proposta é conseguir inserir esse novo pai em um universo em que o conceito de paternidade está mudando. ;Foi-se o tempo em que homem era apenas o provedor da casa. Agora os homens querem participar e serem incluídos no processo de gestação;, finaliza Marcelo.

Quer ajudar? Anote aí
- Não levar problemas do trabalho para casa, principalmente no último trimestre.

- Seja paciente e escute todos as reclamações da mulher.

- Ajude na hora de tomar decisões, seja participativo e pesquise sobre assuntos importantes com parto e criação dos filhos.

- Observe mudanças de humor muito bruscas.

- Acompanhe os exames e mudanças no corpo dela, se achar alguma coisa estranha consulte os médicos.

- Não diga para a grávida que os dramas dela são besteiras. São os hormônios falando, por isso seja compreensível.

- Ajude nas tarefas domésticas, as grávidas ficam cansadas mais facilmente.

- Seja um apoio importante para as incertezas emocionais.

- Mude a sua rotina e diminua o ritmo de saídas à noite.

As atitudes típicas do novo pai
-Acompanha a mulher nas consultas médicas.

- Permanece na sala durante os exames.

- Faz perguntas ao médico.

- Opina na escolha do médico e da maternidade.

- Não aceita ser substituído pela sogra.

- Não se esconde nem se sente ridículo quando conversa e entra em contato com o bebê dentro da barriga da sua mulher.

- Procura o máximo de informações em livros e revistas.

- Quer participar sozinho do trabalho de parto, internação e parto da mulher sem notificar a família.

- Mostra-se ativo durante o trabalho de parto, fazendo massagem, respiração e relaxamento com sua mulher.

- Durante o parto, corta o cordão umbilical, sendo assim, o instrumento fundamental para a conquista da autonomia por seu filho.

- Ajuda na primeira mamada, na sala de parto.

- Dá o primeiro banho.

- Fica sozinho com a mulher, de noite, na maternidade e ajuda a cuidar do bebê.

- Tira férias para ajudar a mulher.

Fonte: Informações da monitora perinatal Stephanie Sapin-Lignieres, responsável pelo curso Prepar, no Rio de Janeiro.