Dizem que, pelas ruas de Nova York, já tem gente se estapeando por um. Virou até notícia do jornal americano The New York Times, que o apelidou como um doce icônico e exuberante do Brasil ; ;um cruzamento entre chocolate fundido e trufas;. Se a gastronomia brasileira ainda caminha com certa calma rumo à fama internacional, o nosso brigadeiro já é uma estrela. Não é difícil entender tal ascensão. O brigadeiro é praticamente uma unanimidade em nosso país. Está em todas as festas de aniversário e, muito esperto, se reinventou sob a tutela de doceiros como um quitute gourmet. Abandonou o velho achocolato e incorporou chocolates belgas, franceses, suíços. Ficou ainda mais delicioso e, agora, já bate ponto até em casamento chique. O brigadeiro, que nunca saiu de moda, está em voga.
A doceira e cake designer Juliana Inglês que o diga. Aos 15 anos, quando resolveu vender brigadeiros no recreio da escola, em Taguatinga, com o intuito de juntar dinheiro para comprar uma bolsa Louis Vuitton, ela não imaginava que estava dando um passo fundamental em sua profissão. ;O diretor da escola me chamava na sala dele, pedindo para eu parar de vender, porque, quando dava o recreio, a porta da minha sala virava um congestionamento de criança querendo comprar o doce;, lembra. Ela comprou sua bolsa e, hoje, cozinha para gente famosa, ansiosa por seus bolos, tortas, bombons e outros doces fantásticos.
Para Juliana, o brigadeiro se tornou uma mania nacional graças à simplicidade. ;Todo mundo pode fazer. Brigadeiro de panela é o tipo de receita que qualquer um domina. Mas, para ser perfeito, é bem mais cheio de complicações do que se imagina;, pondera. A começar pelo material. Segundo Juliana, o tacho de cobre e a colher de pau são as ferramentas que possibilitam a manufatura do tal ;brigadeiro perfeito;. Mas ambos são proibidos pela vigilância sanitária. ;Então a gente faz com panela de ferro fundido e espátula de silicone. São os melhores substitutos;, ensina.
Outra dica é ter paciência: sempre fazer os brigadeiros em pequenas quantidades, mesmo que faça para muitas pessoas. ;Se fizer muito de uma vez, a receita desanda. Eu nem tenho panela grande;, explica. A paciência também se aplica no quesito tempo. Quanto mais lento o processo, melhor. Ou seja: fogo baixo e uma colher mexendo o leite condensado, sem parar. ;No mais, como em qualquer boa receita, é preciso escolher os melhores ingredientes. Leite condensado, manteiga e chocolate de primeira qualidade.;
Esse é o diferencial do trabalho doceira. Ela, que começou com o velho achocolatado, ampliou seu negócio usando o chocolate belga na receita, e, agora, conseguiu contrato de exclusividade com a requintadíssima marca francês Valrhona. ;Virou essa coisa do gourmet. Não acho que o brigadeiro com achocolatado seja ruim, mas depois que a gente passa a comer com chocolate de qualidade, fica difícil mesmo. Quem prova vê a diferença e entende porque o preço acaba sendo maior. Quando o chocolate em barra brasileiro custa R$12 o quilo, eu pago R$80. O mesmo com o granulado. Aquele fininho já foi aposentado pela maioria das doceiras, porque aquilo não é chocolate de fato. O nosso granulado também é da Valrhona;, diz, justificando o cento do doce, que varia entre R$200 e R$250.
Receita base
1 lata de leite condensado
1 colher de sopa de manteiga
80g de chocolate ralado de boa qualidade
Como fazer
Em fogo baixo, despeje a lata de leite condensado em uma panela e adicione a colher de manteiga.
Mexa a mistura com uma colher sem parar.
Quando o leite condensado começar a despregar do fundo da panela, desligue o fogo e jogue o chocolate ralado sobre a mistura.
Mexa até ficar homogêneo.
Enrole o docinho com a mãos no formato de bolinhas e passe sobre o granulado de sua preferência, que pode ser pistache, nozes ou castanhas moídos, confeitos de chocolate, coco ralado etc.
Você pode também substituir o chocolate ao leite pelo chocolate amargo ou branco.
Serviço
Juliana Inglês Celebrações
QI 23, comércio local, loja 03, Lago Sul
3364-2722