Por Zuleika de Souza (textos e fotos)
Quadra par é ímpar nas cenas. Sob as marquises, vários artistas sentados em banquinhos realçam santos e anjos com seus pequenos pincéis e tintas de diversas cores. Ao mesmo tempo, é a quadra sem par - do outro lado, não tem comércio. Pela rua, circulam artistas com telas, cavaletes e sacolas cheias de lápis e papéis. É a quadra das artes!
Em uma esquina da CLN 102, o casal Marcelo e Vanessa juntou no mesmo espaço um café, uma galeria, um antiquário e uma lojinha de achados. No térreo, ficam o café e os objetos encontrados por Vanessa. Docinhos de cereja combinam com os bibelôs. O subsolo é o espaço onde o artista plástico Marcelo Lima mostra seus garimpos. Quadros de Siron Franco se misturam com móveis de Sérgio Rodrigues, xicrinhas dividem armários com joias descoladas, aquarelas de Caribé ficam dispostas na mesa de marchetaria, cadeiras de Joaquim Tenreiro ao lado de quadros de Antônio Poteiro.
No subsolo, logo em frente a um supermercado de produtos para artistas, de cestinha azul na mão, Gê Orthof, artista plástico contemporâneo conhecido mundo afora, busca os instrumentos para materializar suas ideias. No mesmo espaço, salas de aula de técnicas de pintura, artesanato e moda unem crianças, jovens, senhoras e senhores aposentados.
Até o chaveiro da quadra, José Antônio, foi contaminado pela arte. Sua banca foi pintada por grafiteiros europeus!
Numa das calçadas por onde passam os artistas está escrito: "Aqui as flores nascem do concreto".