Não se apegue aos modelos que você deverá, ou não, usar no próximo verão. Esqueça a modelagem da vez. Não importa se as saias serão curtas ou longas; se os vestidos estarão justos ou volumosos. Se o tomara-que-caia volta ou se as transparências estarão bombando na próxima coleção. A moda é cada vez mais uma obra de arte e as roupas valem por sua arquitetura. Escolha a mais trabalhada.
Na passarela do São Paulo Fashion Week, o que se vê são verdadeiras peças de design em forma de saias, vestidos e camisas. Cada grife chama mais atenção pelo trabalho de construção das roupas que apresentam. Os tecidos estão mais e mais tecnológicos e a montagem das roupas menos óbvias e criativas.
Animale exibiu uma coleção inspirada no Sul da França. Para compor o cenário, a marca escolheu tecidos fluidos como gaze de seda e outros não menos finos como o linho puro. A sofisticação foi arrematada pelos paetês em forma de flores de metal, aplicados manualmente sobre os delicados tecidos. A ideia era recriar na roupa a imagem de um jardim que brilha sob o efeito do sol. Para conseguir tal efeito, não pouparam esforços. Só em uma pantalona, foram aplicados mais de 10 mil paetês de metal. Com tanto trabalho, a peça já não era apenas uma calça, virou uma joia.
É justamente esse trabalho artesanal que se apresentou até agora em São Paulo. Eduardo Pombal, por exemplo, buscou inspiração na arte tribal indígena para assinar a coleção de verão de Tufi Duek. Como é bem característico da marca, usou tecelagem tecnológica para tornar fashion a moda rústica e étnica.
O resultado foram roupas feitas com fibras 100% naturais, todas entrelaçadas como se fossem tramas de cestaria. Miçangas foram cuidadosamente unidas umas as outras, dando formas aos vestidos, deixando as peças ainda mais exclusivas e conceituais.
Os materiais usados também foram destaque da marca. Tufi Duek apostou em plásticos sobrepostos nos vestidos, criando efeito dos detalhes da arte indígena. É o artesanato incorporado à passarela fashion.
Delicada construção
As roupas já não mais são cortadas e costuradas. São montadas. Pensadas como quebra-cabeças. Sobreposições, mistura de tecidos personalizam o visual. Cabe ao estilista pensar em cada combinação, escolher o material mais inusitado que vai compor sua coleção.
Samuel Cirnansck, por exemplo, optou pelo látex e tecidos resinados para fazer belos e pomposos vestidos de festas. A renda aplicada sobre os modernos tecidos arrematou a criação.
Mistura perfeita também foi o desfile de Reinaldo Lourenço. O estilista uniu couro, tule e cristais em uma harmoniosa e sofisticada coleção. Os vestidos longos ganharam movimento com a geometria de recortes de couro sobre o tule. Uma improvável solução que se tornou impecável nas mãos de um arquiteto de roupas.
A repórter viajou a convite do evento