;Ainda hoje existem pessoas que se acham nutricionistas e fazem comidas caseiras para os animais ou dão sobras de comida. Isso é um erro, pois nada substitui os ingredientes de uma ração, nem o maquinário que a faz.; O alerta é do zootecnista Rodrigo Lima. Ele justifica que existem profissionais que estudam os melhores ingredientes e as melhores formas de fabricação. Para nutrir o seu cão da maneira mais saudável, existem rações específicas para cada raça e problema de saúde.
A veterinária Keila Godoy explica que a grande maioria das raças, por ser fruto de cruzamentos entre indivíduos da mesma espécie, tem particularidades físicas, metabólicas ou ainda são predispostas a determinadas doenças que podem ser prevenidas ou minimizadas por meio de uma nutrição específica. ;Quando o cão é alimentado com a ração certa, alguns dos problemas de saúde típicos da raça são prevenidos.; Algumas marcas de alimentos de fato ajudam no tratamento de problemas renais e de outros, como diabetes e obesidade.
Segundo a veterinária, estar totalmente protegido contra um determinado problema depende não só da alimentação, mas também do estilo de vida e da idade em que se começou a alimentação diferenciada. ;Além de prevenir algumas doenças, a alimentação correta permite o máximo desenvolvimento de todas as características desejáveis da raça, como porte, pelagem e cor;, lembra Keila. Rodrigo Lima ressalta que a alimentação correta ainda ajuda na longevidade dos animais e garante a uma velhice saudável.
A grande maioria das raças de cão apresentam predisposição a alguns tipos de doenças. Os labradores, por exemplo, tem obesidade e displasia com mais frequência do que outras raças, os golden retriviers têm tendência à obesidade, neoplasia, problemas articulares e de pele. Os poodles são suscetíveis às lágrimas, que mancham o pêlo ao redor dos olhos, e os dachshounds são frequentemente obesos. A maioria desses problemas pode ser atenuada ; ou até resolvida ; com alimentação adequada.
O west highland white terrier Oto, 5 anos, tem problemas de alergia. Para tentar resolver o problema, a solução apresentada pelo veterinário foi o uso de uma ração especial. ;Comprei a ração e alimentei o Oto com ela. Só que usei só um pacote e não vi muita diferença. Mas o veterinário afirmou que é preciso alimentar o cão por, pelo menos, cinco meses para perceber qualquer alteração;, conta o vendedor de acessórios para pets Dilzio Lima, 49, dono do animal. Apesar de o bichinho não ter mostrado melhora, Dilzio pretende dar mais ração especial, pelo tempo indicado, para formar sua opinião. ;Assim que acabar a ração normal, que eu já tinha comprado, volto a dar a especial. Vou esperar os cinco meses para ver se funciona mesmo.;
Nessa esfera de rações específicas para cada raça, como ficam, então, os cães sem raça definida (SRD), os famosos vira-latas? ;Por serem o resultado da cruza entre indivíduos de genética totalmente diferente, esses cães costumam apresentar baixa incidência de problemas genéticos ou hereditários, sofrendo mais com as doenças que naturalmente podem acometer os cães, como as infecciosas e as degenerativas;, explica Keila. Nesses casos, a orientação é escolher a ração de acordo com o porte e a idade do animal.
Faça a escolha certa
Conheça os ingredientes que formam a alimentação ideal para cada raça
Poodle: vitaminas, antioxidantes e aminoácidos favorecem a pelagem e previnem a catarata. Substâncias como condroitina e glicosamina protegem as articulações.
Maltês: rações com farinha de peru e sem milho reduzem a sensibilidade digestiva. A biotina e o zinco dão brilho ao pelo.
Dachshund: o objetivo é fortalecer a musculatura e impedir o sobrepeso, que leva a problemas de coluna nessa raça. Por isso, algumas fórmulas têm protetores articulares e baixo valor calórico, além de L-carnitina.
Cocker spaniel: extratos vegetais, vitamina A e ácidos graxos previnem problemas de pele e de visão, além de reduzir o mau cheiro.
Yorkshire: vitaminas e aminoácidos melhoram a textura da pelagem e aumentam a imunidade. Pelo menos uma das rações específicas informa na embalagem a presença de substâncias que dificultam os cálculos renais, que ameaçam essa raça.
Lhasa apso: proteínas e óleo de prímula, combinados com ômegas 3 e 6, protegem o pelo e a pele, afastando alergias.
Pitbull: ele precisa de energia. Por isso, sua ração deve fornecer proteína, protetores articulares e L-carnitina para definir os músculos.
Labrador: a ração deve ter baixo valor energético porque ele tende à obesidade.
Pastor: precisa conter protetores articulares contra displasias, além de vitaminas e aminoácidos para equilibrar o pH da pele, evitando alergias.
Rottweiler: o alimento deve ser formulado para reduzir a sensibilidade intestinal, muito comum nessa raça.
Buldogue: altas doses de vitamina A, óleos de prímula e de peixes de água fria (fonte dos ácidos graxos ômegas 3 e 6), além de proteínas, desenvolvem a musculatura. Tem baixo valor calórico, o que reduz o risco de obesidade.
Fonte: Rodrigo Lima, zootecnista