Comentar assuntos polêmicos e usar exemplos pessoais para tirar dúvidas dos telespectadores, principalmente quando o assunto é relacionamento, são pressupostos do Saia justa. Exibido pelo canal GNT (Globosat), o programa já teve quatro formatos ao longo de nove anos e recebe, atualmente, uma atriz pra lá de discreta: Camila Morgado. Diferentemente das primeiras vedetes ; Marisa Orth, Rita Lee e Fernanda Young ;, a tímida atriz carioca de 36 anos encara o Saia justa como uma forma de se soltar e até de compartilhar um ou outro episódio íntimo com o público. Na última semana, a atriz esteve de passagem pela cidade com o espetáculo Igual a você. Por telefone, ela conversou com a Revista sobre o assédio da mídia e contou como preserva a vida pessoal. ;Não vejo graça alguma em publicar minha vida particular. A privacidade é sagrada. É o meu combustível;, avisa.
Como você aprendeu a lidar com a exposição de sua vida privada na mídia? Você já sofreu com isso?
Nunca sofri nenhum problema grave, nada que realmente me aborrecesse. Essa é uma profissão difícil nesse aspecto: sua vida particular vira alvo do interesse dos outros. Isso me assustou logo no começo, quando apareci na televisão. Porque quando fazia só teatro, nada disso acontecia. Após a TV e o cinema, todos me perguntavam quem eu era, o que fazia, do que gostava; Apontavam para mim na rua, gritavam meu nome. Achei estranho porque sou uma pessoa como outra qualquer. Não sabia lidar com isso, depois comecei a entender, quer dizer, me acostumei. Ainda mais quando se faz tevê e se percebe o quanto o personagem influencia a vida das pessoas. Comecei a ver isso que quando eu fazia personagens dramáticos. Achavam que eu era séria demais. Depois, quando fiz uma estrangeira na novela América, me falavam: ;Branquela! Volta para seu país;, com raiva. Já a Malu de Viver a vida foi um grande sucesso. Engraçado porque a Malu quebrou todos os preconceitos que tinham de mim. As pessoas me viram sensual e feminina. Mas não acredito que sou diferente de ninguém e isso me ajuda muito. Sou discreta e não deixo de fazer nada que gosto. Claro que procuro não me expor. Se sei que ali tem muito paparazzi, não vou.
No programa Saia justa, os apresentadores expõem questões íntimas para discutir notícias e outras questões trazidas à tona. Você lida bem com isso?
Fazemos isso, mas existem meios de falar. Falamos algo para o público se identificar conosco. Pode ser algo meu ou de alguém que eu conheça, mas não preciso falar tudo, entende? Não preciso dar informações das pessoas, nomes. A maneira como você se coloca faz a diferença. Ou seja, você pode se colocar e não se expor. Acho que consegui falar sobre algo íntimo para provocar uma identificação com o público. Até agora, não me arrependi de nada que falei. Nada me colocou numa situação em que me senti desconfortável.
Que reflexão faz dessa superexposição de artistas e de pessoas fora do ramo das artes que contam segredos, postam fotos, expõem relacionamentos, brigas e discussões nesses meios?
Não conseguiria me expor desse jeito na rede. A rede é muito perigosa. Ao mesmo tempo que você se expõe, você não tem o controle sobre ela. Não tem noção de onde essas informações vão parar. Acredita que criaram até um perfil meu no Facebook? Gente, não sou eu (risos). Só teria um se fosse para meu trabalho, mas usar um espaço desse para falar da minha vida? Isso não.
E você está no Twitter, Orkut ou em outra rede social?
Não estou em nenhum deles e confesso que me sinto muito mal, principalmente agora, com o Saia justa. Preciso de um twitter por causa do programa, mas não levo jeito (risos). Outro dia, falamos no programa sobre um site americano que limpa a reputação de pessoas que se arrependeram de colocar informações pessoais na internet. Achei hilário (risos). Já eu, não tenho muita curiosidade pela vida alheia, nem vejo graça em publicar minha vida particular. Tenho um espaço reservado só para mim: na minha casa, com meu cachorro, sem ter que mostrar nada para outros. A privacidade é sagrada; É o meu combustível.