Jornal Correio Braziliense

Revista

Investir ou poupar?

Vale a pena comprar um sabonete supercaro ou pagar uma pequena fortuna por uma camiseta básica? A Revista convidou alguns especialistas para dizer o que vale a pena gastar e o que deve ser economizado em roupas, acessórios, maquiagens e cosméticos

Carolina Samorano / Especial para o Correio
Você sai do dermatologista com uma lista de produtos a perder de vista para cuidar da pele. Deixa uma pequena fortuna na farmácia e a dúvida aparece tão logo você assina o comprovante do cartão de crédito: será que vale mesmo a pena pagar tanto por eles? Na hora de renovar o armário é a mesma tortura. Investir em uma única peça supercara ou comprar 10 pelo mesmo preço em lojas de departamento? Nem tudo o que você compra precisa deixar um buraco na conta bancária. No entanto, de fato, valem alguns sacrifício, seja no guarda-roupa, na nécessaire ou na rotina de cuidados. Ou porque dão melhor acabamento na maquiagem ou têm tecnologias que garantem bons resultados ou porque são candidatos a anos de companhia e prováveis parceiros de todo tipo de ocasião e estação do ano.
Para saber onde investir e quando se contentar com bons achados e pechinchas, a Revista consultou três especialistas: uma consultora de estilo, um maquiador e um dermatologista que contaram como organizar as compras. Assim, fica mais fácil ter tudo ao mesmo tempo, mesmo quando a lista é maior que o próprio salário.

No guarda-roupa
Quando o assunto é investir em um guarda-roupa bacana, por mais que o limite do seu cartão de crédito permita, é um desperdício gastar uma pequena fortuna em tendências que não vão durar mais que uma estação. Também pode ser tempo e dinheiro perdidos comprar peças de qualidade duvidosa, só porque custam pouco, quando elas podem ser bons curingas para te acompanhar para todo o sempre em produções de inverno ou verão. ;Não existe uma peça que todo mundo tem que ter. Essa lista de básicos e tendências muda de acordo com a vida e o estilo de cada pessoa. Quem usa terno todo dia, por exemplo, naturalmente pode investir mais nesse tipo de roupa porque ela faz parte de todos os dias da vida dele, mas não da de todo mundo;, ensina a consultora de estilo e blogueira do Oficina de Estilo Cristina Zanetti. É ela quem dá a dica do que merece ou não se fazer uma força extra para economizar e gastar com inteligência na hora de ir às compras. Mas é bom lembrar: pegue os ensinamentos e adapte ao que tem a ver com você e seu guarda-roupa.

Invista
- Um bom jeans. ;É o tipo de peça que dá para usar a vida toda. Ele cabe em muitas situações e permite muitas combinações;, diz Cristina. Escolha os clássicos, sem muita lavagem ou detalhes.
- Vestido curinga. Não precisa ser o tal pretinho básico, mas a função é a mesma: um vestido elegante e com bom caimento, que possa ser um salva-vidas em qualquer situação. ;Não precisa ser super da moda porque você pode atualizar com acessórios;, aconselha.
- Sapato fechado. Vale um bom escarpim ou qualquer outro que não deixe os dedos muito à mostra. ;O melhor é escolher um neutro, como cinza ou azul-marinho, nem precisa ficar só no preto ou marrom. E se o salto for forrado, ele pode até ir numa festona mais formal.;
- Sobretudo. Quem mora ou vai muito a cidades onde a chuva é uma constante, como São Paulo, vale trocar por um casaco impermeável. Fique nos neutros, como cinza, preto ou bege, que vai bem com todas as outras peças do guarda-roupa.
- Uma boa calça alfaiataria. Ela vai bem com camisas e blusas superfemininas. O modelo clássico e sempre atual é o de corte reto e bolso-faca. ;A lã fria é uma boa escolha de tecido, porque não amassa, dura muito e vai tanto no frio quanto no calor;, recomenda Cristina.
- Jaqueta de couro. As mais clássicas podem optar por um paletó, enquanto as mais moderninhas vão se dar bem com uma perfecto. ;Uma jaqueta de couro muda todo o look. Se a pessoa trabalha de terninho, troca o paletó pela perfecto e está pronta para uma baladinha;, ilustra.

Economize
- Camiseta básica. A peça vai bem em todos os tipos de guarda-roupa, mas nem por isso justifica etiquetas com mais de três dígitos. ;É só olhar o material na etiqueta. Se for 100% algodão ou se tiver pouco elastano e vestir bem, pode comprar;, ensina Cristina.
- Rasteiras e sapatinhos informais. Deixe para investir mais nos clássicos, que vão a ocasiões de mais pompa. Rasteiras, sapatilhas e sandálias da estação vale comprar nas lojas mais acessíveis. Até porque, segunda a especialista, é o tipo de coisa que a gente usa até enjoar.
- Bijus. Bijuterias baratas e divertidas dão um belo efeito aos básicos e, dependo do estilo, vão até a festas mais formais. ;Biju é uma coisa legal de ter um monte, para variar ou usar junto. Não adianta pagar caro. Em qualquer lojinha de esquina, dá para encontrar bons acessórios,;
- Cintos. Como bem recomenda Cristina, é o tipo de coisa que também não justifica zeros a perder de vista na fatura do cartão. ;As tendência de cinto mudam muito. É mais legal ter um monte de cintos de cores diferentes do que só um supercaro.;

Na nécessaire de maquiagem
Ante de ler a listinha com as dicas do maquiador Eduardo Mansur, do Red Hair Makeup, é bom lembrar: com pele não se brinca. Portanto, bons produtos, certificados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e testados dermatologicamente, são essenciais, mesmo que custem um pouco a mais. ;É claro que tudo o que você puder comprar do melhor, melhor também será para sua pele. Afinal, é com ela que você está lidando quando falamos em maquiagem. Produto barato demais pode acabar saindo caro depois;, alerta. Se com pele não se brinca, é com produtos para ela que devemos nos preocupar mais, como a base e o pó. Para o resto, vale achar um baratinho com qualidade e boa pigmentação. Além disso, alguns deles são multifuncionais. ;Tem batom que pode servir como blush numa boa, por exemplo;, diz Eduardo.

Invista
- Uma boa base. Bases de qualidade ruim podem agravar a acne e causar alergias. ;Ela é a base de toda a maquiagem. Interfere na duração e no acabamento de tudo o que você coloca por cima. Além disso, uma boa base dispensa até corretivo e pó, o que já é uma economia;, aconselha o maquiador Eduardo Mansur.
- Primer. Se você tem muitas linhas de expressão, pele oleosa e poros abertos, ele não só vai disfarçar esses pequenos defeitos difíceis de resolver só com a base, como também garantir que a maquiagem fixe melhor na pele. Segundo Eduardo, ele pode durar até quatro meses.
- Pincéis. São eles que dão o acabamento impecável da maquiagem. Devem ser macios ; os duros irritam a pele e podem deixá-la avermelhada. Além disso, pincéis de qualidade duram muitos anos se bem cuidados. "É bom lavar com sabão neutro e deixar secar naturalmente", ensina Eduardo. Comece com os de base, pó, e três para os olhos: um para sombra clara, um para escura e um fofo para esfumar.
- Corretivo. É só para quem tem olheiras profundas e muito pigmentadas. Do contrário, uma boa base deve dar conta do recado. Para quem não consegue se desapegar do corretivo, o legal é investir num produto com boa fixação e cobertura, mas, ao mesmo tempo, acabamento natural.

Economize
- Pó facial. Segundo indica Eduardo, o melhor é investir numa base de acabamento um pouco mais seco. ;Pó demais deixa o rosto com aspecto de rachado.; Se achar indispensável, vale encontrar um translúcido com preço amigo e usar na zona T, apenas para segurar a oleosidade da pele.
- Máscara de cílios. ;Hoje em dia existem boas marcas em farmácias e lojas de cosméticos que não perdem em nada para as caríssimas;, recomenda Eduardo. As à prova d;água não escorrem durante o dia e ficam intactas por toda a festa.
- Sombras. Esse é o tipo de coisa que dá vontade de ter um monte, uma de cada cor. ;A única coisa que vale prestar atenção é se ela fica na pele como se apresenta na embalagem. O negócio é testar!”, ensina Eduardo.
- Batom. Está aí um exemplo de produto de maquiagem que não se diferencia por preço, tampouco marca, de acordo com Eduardo. ;Existem batons secos demais ou molhados demais em qualquer loja. Basta achar um que esteja no meio-termo.; Vale principalmente para quem quer experimentar tendências sem investir muito.
- Delineador. Com um pincel fino dá para se virar com lápis ou sombras. O melhor disso tudo é que, no caso das sombras, dá para criar o efeito de delineador com a cor que você quiser. ;É só umedecer o pincel com água e passar na sombra.;
- Blush. O corado das bochechas não exige grandes investimentos. Basta encontrar uma cor que combine com o seu tom de pele, independentemente de marca. Principalmente porque uma boa base ajuda a fixar o blush no rosto por mais tempo.

No arsenal de cuidados com a beleza
Sabonete, tônico, hidratante, filtro solar, creme anti-idade, hidratante para a área dos olhos, para o corpo e o que mais a vontade mandar. Cuidar da pele exige mesmo um investimento e, na maior parte das vezes, alto. O filtro solar, por exemplo, indispensável no dia a dia, não fica barato mesmo entre as prateleiras mais modestas da farmácia. ;As indústrias o registram como cosmético em vez de medicamento. Por isso, pagam mais impostos e o produto acaba ficando mais caro, mesmo entre as marcas mais populares;, explica o dermatologista Erasmo Tokarski, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica no DF. Entre todas essas opções, o especialista elegeu as que merecem um esforço financeiro maior do que alguns outros.

Invista
- Hidratante para o rosto. Descarte de cara a possibilidade de usar o hidratante corporal no rosto. Segundo Tokarski, os para o corpo têm um tipo de fixador no fórmula que segura o produto na pele, mas é contraindicado para o rosto. Além disso, cada tipo de pele exige um cosmético específico.
- Creme anti-idade. Um bom produto com a finalidade de limar indesejadas linhas de expressão precisa hidratar a pele para prevenir o surgimento de novas rugas e combater radicais livres, de acordo com o dermatologista. Os mais modernos usam nanotecnologia, que garante que o produto penetre melhor na pele. O perigo de procurar pelo menor valor é acabar levando para casa um produto que não faz mais do que hidratar o rosto.
- Sabonete. É ele que vai preparar a pele para tudo o que vem depois. ;Um bom sabonete tem que limpar a pele sem retirar toda a gordura que a protege, ou então ele vai ressecá-la;, resume.
- Xampu e condicionador. Mais uma vez ganha o investimento em pesquisas e desenvolvimento de fórmulas. Bons produtos mantêm os cabelos saudáveis, além de serem bons amigos daqueles tratamentos caríssimos dos salões que, sem a manutenção adequada, vão embora em alguns poucos dias.

Economize
- Protetor solar. ;Filtro, desde que aprovado, vale qualquer um;, orienta Tokarski. Como os fatores mais altos costumam custar mais, o dermatologista avisa que, no geral, o 30 já é suficiente. Mas não economize na quantidade. ;Passar uma camada muito fina não resolve;, avisa o especialista.
- Hidratante para o corpo. Passe os olhos pela prateleira de cosméticos do supermercado. Lá, com certeza, existe um com excelente custo-benefício.
- Tônico facial. A verdade é que as fórmulas dos tônicos pouco mudam de marca para marca. A maioria é composta basicamente de água e álcool. No entanto, ele limpa profundamente a pele e a prepara para o que vem a seguir. ;Ele abre caminhos. Mas é um complemento da rotina. A marca tanto faz;, sugere Tokarski.
- Esfoliante facial. Segundo o dermatologista, nem todo mundo precisa dessa etapa. Geralmente ela é indicada para pessoas com problemas mais específicos, como cravos. Se for o seu caso, pode escolher um da farmácia sem medo e usar de acordo com o que o seu dermatologista recomendar.