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Entre luzes e sombras

Você conhece o ombré hair? Ele já virou queridinho das celebridades e agora chega aos salões como tendência para o verão.

Carolina Samorano / Especial para o Correio



Primeiro foi a it-girl Alexa Chung que fez mulheres do mundo todo picotarem revistas para levar ao cabeleireiro uma amostra do que queriam nas madeixas. Um pouco depois, foi Drew Barrymore quem apareceu com os cabelos levemente mais claros nas pontas, aumentando o frisson entre as chegadas a uma tintura de cabelo. Jessica Biel, Leighton Meester e Julia Roberts também andaram desfilando a tendência por aí. O nome do cabelo que tem dominado as cabeças das celebridados e que agora chega aos salões como aposta absoluta para o verão é ombré hair, (ombré é ;sombreado;, em francês). ;É uma evolução das mechas californianas. Só que, no lugar do descolorante, usamos a tinta porque conseguimos controlar melhor a cor e, assim, o resultado fica mais sutil;, tenta explicar o colorista Marcelo Vasconcelos.

Nem californianas, nem luzes, menos ainda mechas invertidas (quando os cabelos ganham mechas na cor oposta à natural). Assim como as precursoras praianas, o ombré mantém a raiz do cabelo natural. Do comprimento às pontas, no entanto, os fios ganham nuances diferentes de cores, num degradê tão suave que, em alguns casos é imperceptível. Tanto que a técnica é conhecida também como invisible highlights (mechas invisíveis, em inglês). ;No caso das californianas, importava o contraste da raiz escura com as pontas claras. Mas essa tendência já era;, reforça o cabeleireiro e colorista Edson Galdino. ;A ideia aqui é deixar os cabelos com cara de natural, como se a luz estivesseve batendo nos fios;, completa.

O cabeleireiro Maurizio Mandala acrescenta que, ao contrário das californianas, ideais para as loiras e mulheres de pele bronzeada ou amarelada, o cabelo sombreado é mais democrático. ;É mais fácil de adaptar ao cabelo e à pele. Como o trabalho é sutil, a cliente não perde a identidade nem a profundidade do olhar.; Mesmo assim, os especialistas garantem que uma conversa entre profissional e cliente antes da mudança é fundamental para evitar maiores frustrações. ;É uma questão de identificar o que fica melhor e o que tem a ver com a personalidade da mulher. Todo mundo pode usar, mas é preciso ter a sensibilidade de adaptar a técnica ao estilo de cada uma;, defende Marcelo Vasconcelos.

Assim, morenas, loiras e ruivas estão liberadas para aderir à tendência. Julia Roberts e Leighton Meester são casos bem-sucedidos de morenas que, mesmo adeptas das mechas mais claras no comprimento, não deixaram os fios escuros de lado. ;Fica muito bom nas morenas, principalmente porque tira um pouco o peso da cor escura, que realça, por exemplo, as olheiras;, analisa Marcelo. Nos cortes, a técnica também não tem preconceitos. Mas, segundo a colorista Suely Maeda, os desconectados e repicados valorizam mais as mechas.
Para chegar ao degradê ideal, o profissional pode lançar mão de duas a quatro cores de tinta, dependendo do comprimento do fio, ensina a cabeleireira Lauê Xavier da Silveira. ;Em cabelos mais curtos, conseguimos o efeito com menos tonalidades. Nos longos, podemos casar até quatro cores diferentes, mas você não perecebe porque elas se misturam umas às outras;, diz. O resultado faz a mulherada correr para o salão: fios levemente mais claros nas pontas, rosto mais iluminado e visual mais leve. ;Não é uma interferência agressiva. Pelo contrário. Fica bastante elegante;, pontua Lauê.

A distância da raiz para as mechas depende do comprimento do cabelo e do que espera a aventureira sentada na cadeira do profissional. De acordo com Marcelo, geralmente preserva-se de 20% a 30% da raiz. ;Assim, se o cabelo é curto, deixo três dedos de folga até o início da coloração. Se é mais longo, posso deixar até um palmo;, explica. Mesmo assim, é possível deixar algumas mechas finas mais próximas ao couro cabeludo para garantir um efeito ainda mais natural.

Sem retoques
Além do efeito natural, objeto de desejo das adeptas das mechas, a grande vantagem do ombré está no fato de que, com a cor da raz preservada, ninguém fica refém dos constantes retoques de coloração. ;É um trabalho que dura muito tempo. Se a mulher gosta do resultado e não corta o cabelo com frequência, não há grande necessidade de retoque;, diz Maurizio Mandala. Para manter o efeito intacto, devolver brilho às pontas ou clarear um pouco mais os fios, no entanto, é legal fazer alguns ajustes. Mas só lá pelo quinto ou sexto mês depois do procedimento original, como ressalta o cabeleireiro Edson Galdino. Quem tem muito cabelo branco, no entanto, deve manter a rotina de retoques como de costume. ;Geralmente quem retoca a raiz por causa de fios brancos faz isso a cada 20 dias ou mensalmente. Nesse caso, não tem como fugir. É só manter o prazo;, lembra Lauê.

Como toda coloração, as tais mechas invisíveis também precisam de cuidados especiais. Por mais que as tinturas estejam cada vez menos agressivas, ainda não estão isentas de causar danos aos fios. ;Não adianta nada ter o cabelo da moda se ele se ele estiver maltratado;, avisa Edson Galdino. Para manter a beleza dos fios, aposte em xampus e condicionadores próprios para cabelos coloridos e, pelo menos uma vez a cada 15 dias, faça uma hidratação com uma máscara reestruturante em casa. Produtos que agem durante a noite e ampolas e leave-ins que prometem hidratação reforçada também são boas opções. ;É legal ela fazer uma hidratação no salão de vez em quando. Mas o cuidado em casa é ainda mais importante;, enfatiza Lauê.

Agradecimentos: Lauê (Lauê Xavier da Silveira), Hélio Diffusion des Coiffeur (Suely Maeda), Maurizio Mandala Hair & Music (Maurizio Mandala), Red Hair Make Up (Marcelo Vasconcelos) e Ricardo Maia Hair & Make Up (Edson Galdino).