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Bebês ao sol

Eles precisam de proteção extra no calor. Pediatras e dermatologistas recomendam cuidados redobrados com a pele, com a alimentação e até com acidentes

Kelen Lucy Braga, 32 anos, ainda não sabe se mantém a viagem de fim de ano para João Pessoa. ;Meu marido e eu estamos em dúvida se levamos nossa filha para a praia, por conta de doenças como meningite ou rotavírus;, explica. A filha da representante de laboratório chama-de Anna Rafaela, e completou em novembro sete meses. Nessa idade, a pele da pequena já está preparada para usar protetor solar. Ainda assim, Kelen não está certa de que a filha já consegue enfrentar o verão. ;Já viajamos para um lugar com piscina, mas foi só por dois dias;, conta a mãe. ;Deixei que ela ficasse na água só por 15 minutos, porque tinha muita gente. Não achei seguro.;

Para pais de bebês tão novos quando Anna Rafaela, o verão significa cuidados redobrados. Por terem pele delicada, é preciso prestar atenção ao tipo de roupa ideal para proteger as crianças. Segundo a dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Maria Paula del Nero, bebês com menos de seis meses de idade não podem usar protetor solar. Nesses casos, a dica é protegê-los com roupas, bonés e chapéus com bloqueador solar no tecido. ;Nessa idade, a pele ainda é muito sensível e a criança pode ter alergia ao protetor;, alerta a médica.

Mesmo protegida, a pele da criança pode sofrer efeitos indesejados dos raios solares e do calor. Maria Paula del Nero explica que reações alérgicas, como brotoejas (também conhecidas como dermatites) são comuns nessa época do ano. Para driblar o problema, ela aconselha que os pais troquem as roupas com tecidos sintéticos pelas de algodão, mais fresquinhas e leves. ;Se a pele ficar avermelhada pelo sol, pode-se aplicar cremes à base de aloe vera e camomila, que diminuem o eritema (vermelhidão);, ensina. Aplicar pasta d;água no local também ajuda a amenizar o desconforto.
Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Moisés Chencinski reforça que a melhor maneira de manter a pele dos bebês saudável no verão é prestar atenção ao relógio: sol, só antes das 10h e depois das 16h. ;Independentemente de a criança ter entrado na água, o protetor deve ser reforçado a cada duas horas;, completa. Ao voltar para casa, o pediatra recomenda que os pais deem banho na criança imediatamente, para limpar o suor e tirar resquícios do protetor solar da pele do bebê. ;Mesmo se estiver quente, o ideal é que a criança tome, no máximo, dois banhos por dia;, salienta o pediatra. ;A pele tem uma proteção de gordura. Se lavada muitas vezes, essa proteção é eliminada, o que pode causar desidratação;.

Porém, a pediatra Débora Pontes, também membra SBP, alerta que o sol não é a única preocupação dos pais no verão. Acidentes domésticos são comuns nessa época. ;As crianças ainda não têm noção do perigo, então podem se perder ou se engasgar com algo que colocarem na boca;, exemplifica. O segredo para evitar esses e outros acidentes é manter a vigilância sempre ; mesmo em ambientes específicos para os pequenos. ;A água das piscinas pode não ter sido limpa de maneira adequada, especialmente em piscinas infantis;, frisa. Devido ao grande fluxo de crianças e à menor quantidade de água, a médica diz que casos de conjuntivite e diarreia são comuns em bebês e crianças, uma vez que o acúmulo de germes (resultado da concentração de urina na água) é grande.
Cuidado também com a alimentação dos nenéns. Assim os adultos, eles também precisam de hidratação durante a estação mais quente do ano. ;Os pais devem aumentar a oferta de água, água de coco e suco, desde que natural e sem açúcar;, indica a nutricionista Raquel Adjafre. Mas como saber o momento certo de oferecer o refresco? A dica é esperar por cada troca de atividade na rotina da criança. Depois de brincar e antes do banho, por exemplo, deve-se oferecer água. ;A única restrição é durante as refeições, pois a água pode ocupar o lugar da comida no estômago do bebê e causar uma desnutrição;, completa.

Ela explica que, a partir dos seis meses, as crianças entram na fase da alimentação complementar ; onde pequenos lanches como papinha, sopas ralas e frutas reforçam o leite materno. Por isso, é importante ter cuidado com o preparo dos alimentos e, sempre que possível, trazer os lanches de casa. ;Nessa fase, os pais devem preparar alimentos leves, com carnes magras nas sopas e papinhas e dar frutas para o lanche;, recomenda.

Pode ou não pode?
Sol, água do mar, areia e piscina são ótimas pedidas para o verão, mas podem não ser uma boa ideia para bebês. Veja algumas dicas:

; A diferença entre o filtro solar para bebês e para adultos está na quantidade de ativos químicos, como perfumes ou corantes (no caso de protetores para crianças maiores). O ideal é investir em bloqueadores específicos para bebês, que têm apenas o protetor físico na fórmula -- já que produtos químicos que podem causar alergias.
; Roupas leves e ventiladas ajudam a evitar irritações na pele, como brotoejas. Se ainda assim as bolinhas insistirem em aparecer, um banho com água morna para fria regula a temperatura da criança e faz com que o problema desapareça (ou melhore muito).
; Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a criança já pode usar protetor solar a partir dos seis meses de idade. Lembre-se que o efeito do sol é cumulativo. ;Deixar de proteger os bebês dos raios solares aumenta o risco de envelhecimento precoce da pele e do câncer de pele na fase adulta;, alerta a dermatologista Maria Paula del Nero.
; Não há uma idade definida para os bebês começarem a ir à praia ou à piscina. Porém, a pediatra Débora Pontes lembra que o passeio deve ser agradável para todos. ;Ir à praia é um programa tranquilo, mas chegar às 11h com um bebê de seis meses não vai dar certo, por exemplo;, diz. Para evitar contratempos, evite expor a criança ao sol demasiadamente, além de ter sempre líquidos como água e suco à mão para oferecer ao bebê
; Por falar em contratempo, não esqueça que acidentes acontecem. Tenha sempre o telefone e e-mail do pediatra para entrar em contato no caso de emergências. ;Também é bom conhecer o serviço médico do local para onde se está indo e ter a carteira de vacinação em dia;, completa o pediatra Moisés Chencinski
; Até os seis meses de idade, o ideal é que a alimentação dos bebês seja constituída exclusivamente de leite materno. Nessa fase, as mães devem prestar atenção aos sinais dos pimpolhos. Pele e boca seca, corpo mole, choro sem lágrimas e olhos fundos são sinais de que se deve aumentar a oferta de leite, para evitar que o bebê desidrate.

Fontes: Maria Paula del Nero (dermatologista); Moisés Chencinski e Débora Pontes (pediatras) e Raquel Adjafre (nutricionista)