Jornal Correio Braziliense

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Uma fashionista convertida

A muçulmana Hana Tajima Simpson esbanja estilo. Aos 23 anos, a estilista inglesa defende a democracia na moda e a criatividade em todas as crenças

Quando as mulheres muçulmanas começaram a incluir a moda ocidental na forma de usar o hijab?
Acho que isso sempre foi feito, mas agora que vemos jovens muçulmanas crescerem em países ocidentais esse encontro com a moda é mais comum. Meu pais são artistas e fui criada num ambiente criativo. Moda é algo pelo qual me apaixonei antes mesmo de me converter ao islamismo, então acho que trouxe essa bagagem comigo.

Quando você criou seu blog e quais suas expectativas sobre ele?
Criei o blog há mais de um ano. Ele foi um criativo suporte para mim como estilista. Queria que fosse algo como meu caderno de esboços para mostrar não só meu trabalho como tudo aquilo que me inspira. Foi incrível encontrar tanta gente que se identificou com o que eu estava fazendo, sendo essas pessoas muçulmanas ou não. O blog foi, sem dúvida, o pontapé para minha grife maysaa.com.

E onde você busca inspirações para seus looks?
Tenho um pai japonês e uma mãe inglesa, ou seja, trago elementos de ambas culturas no meu estilo. Adoro cortes simples, dou atenção aos detalhes e tenho obsessão por elementos sutis do design. Mas, de novo, meu lado britânico traz algo de rebelde, cru e levemente excêntrico. O Brasil, por exemplo, traz uma mistura fantástica de culturas e etnias que, para mim, é algo com que consigo me relacionar. Também adoro roupas vintage. Tenho vestidos feitos pela minha avó que eu ainda uso.

Há algum conflito de ideias entre a cultura islâmica e a influência da moda ocidental?
As pessoas sempre adotaram o estilo de onde moram. Mesmo dentro das comunidades islâmicas há uma diversidade cultural grande. É natural que alguém que nasceu e foi criado na Inglaterra, por exemplo, tenha um gosto diferente para a moda. De fato, nós temos um código de vestuário, mas também há muito espaço para criatividade e personalidade.

Que retorno você tem dos visitantes do blog? Há um grande grupo de muçulmanas lendo sobre hijab e moda? Quais, você acredita, que sejam as necessidades delas?
O retorno é fantástico. Muitas pessoas se identificam com o que estou fazendo. Acho que há uma força que nos mover para entrar no mainstream não só para a moda muçulmana. Isso é algo que tento fazer com minha grife Maysaa. Mulheres adoram ver esse tipo de individualidade ; mesmo que seja diferente do estilo delas ; que as leve a expressar a própria personalidade por meio do que vestem. Isso é lindo.