A economista Pâmela Marra acabou de comprar um apartamento de um quarto, sonho que acalentava desde muito jovem. Pagará o imóvel ao longo de 20 anos. ;Queria, de todo jeito, me livrar do aluguel. Acho um desperdício de dinheiro;, diz. Aos 24 anos, ela não tem a menor noção do quanto foi difícil para toda uma geração de brasileiros, incluindo os pais dela, realizar o sonho da casa própria. Antes da edição do Plano Real, em julho de 1994, assumir dívidas era um risco enorme, devido ao estrago provocado pela hiperinflação no orçamento doméstico.
Mesmo os que tinham renda suficiente para ingressar no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) padeciam. Os juros eram absurdos e, por temerem calotes, os bancos recusavam a maioria dos candidatos à compra de moradia. ;Assumi uma dívida de R$ 350 mil. E tenho certeza de que vou pagá-la antes do previsto;, afirma Pâmela, saboreando os benefícios da estabilidade.
;Houve uma combinação de fatores positivos nas últimas duas décadas;, diz Flávio Prando, vice-presidente de habitação econômica do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). O primeiro deles, o controle da inflação. O Brasil saiu de índices anuais superiores a 2.000% para taxas de um dígito. Ao longo do processo de estabilização, a oferta de empregos aumentou e o poder de compra se manteve protegido, permitindo a tomada de crédito.
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