Profissoes em pauta

Ensino técnico é alternativa para aumentar empregabilidade dos jovens

72% dos brasileiros com diploma técnico conseguem se inserir no mercado de trabalho no primeiro ano após a conclusão do curso, com renda de dois a seis salários mínimos

Fernanda Tavares, Especial para o Correio
postado em 02/09/2014 06:00

Saúde é apenas um dos mercados onde os profissionais técnicos podem atuar

Em um mundo de respostas rápidas, trazidas pela internet, nada mais natural do que buscar uma formação rápida. E se essa formação rápida trouxer uma inclusão ainda mais rápida no mercado de trabalho ; além de crescimento profissional expresso ; melhor ainda. Pois essas são apenas algumas das promessas do ensino técnico profissional.

Hoje, o Brasil conta com cerca de 220 opções de cursos técnicos, em áreas variadas como Indústria, Saúde, Agronegócios e Informática. A carga horária mínima para conseguir o diploma é de 800 horas/aula e os centros de formação técnica exigem que os alunos já tenham concluído o ensino médio. Os benefícios ; além da rápida inserção no mercado de trabalho ; são carreiras promissoras, com boas remunerações em curto prazo.

De acordo com uma pesquisa do Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai), a média salarial dos profissionais técnicos brasileiros em início de carreira girava em torno dos R$1,5 mil, em 2013. As melhores oportunidades estão, justamente, na Indústria ; onde foram abertas mais de duas milhões de vagas de emprego técnico somente este ano. Além disso, a remuneração é mais atraente. O salário inicial dos técnicos industriais gira em torno dos R$ 2,3 mil. O valor é 13,4% maior do que os dos técnicos de outros setores, como comércio, serviços e saúde. Dentre os empregados com mais de 10 anos de profissão, a diferença é ainda maior: os técnicos industriais ganham, em média, 49,2% a mais. Enquanto a média da carreira é de R$2.595, os profissionais lotados na Indústria recebem R$ 5.980.

E a boa notícia é que esses valores tendem a aumentar cada vez mais. Para se ter ideia, até 2015, o Brasil vai precisar de 300 mil novos engenheiros, segundo a federação nacional da classe. Mas como as faculdades de engenharia formam uma média de 38 mil novos profissionais todos os anos, muitas vagas permanecem em aberto. Na tentativa de suprir essa falta, as empresas estão buscando mão-de-obra nas escolas técnicas. Isso tem feito com que os salários pagos aos egressos do ensino profissionalizante subam.

De acordo com o gerente de Estudos e Prospectiva do Senai, Márcio Guerra, um soldador que atua em uma indústria em Pernambuco, por exemplo, chega a ganhar R$ 3,5 mil inicialmente, mais do que o piso de muita profissão de nível superior. Há setores que possuem média salarial em torno de R$ 6 mil para técnicos contra R$ 2,7 mil de um farmacêutico ou psicólogo. E a especialização também faz diferença entre os portadores de diplomas de ensino profissionalizante. De acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o salário de um técnico aumenta 14% para cada ano de estudo. ;O papel do técnico no mercado de trabalho está mudando na medida em que vai faltando mão de obra qualificada e, com isso, os salários estão se aproximando dos de nível superior;, acrescenta Guerra.

Emprego em um ano


A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) ; entidade responsável pelos trabalhos do Senai ; apresenta números ainda mais favoráveis para o ensino técnico. O último levantamento sobre a empregabilidade desses profissionais, realizado em 2013, revelou: 72% dos brasileiros com diploma técnico conseguem se inserir no mercado de trabalho no primeiro ano após a conclusão do curso, com renda de dois a seis salários mínimos. Outros 73% estão ocupados em atividades relacionadas à área de formação. Somente 28% não conseguem se colocar ou porque migraram para outros setores ou porque apostaram em um novo curso técnico.

O estudo da CNI mostrou, ainda, que 90% dos técnicos brasileiros optam por essa formação para se incluírem mais rápido no mercado de trabalho. Para completar, 82% dos entrevistados declarou ganhar mais que os colegas que só tinham concluído o ensino médio. ;O jovem ainda aumenta a renda pessoal, o que pode motivá-lo a investir ainda mais na carreira;, diz ainda o economista Newton Marques, da Universidade de Brasília.

O mercado de saúde é um dos campeões de oferta de emprego para a área técnica. Nos grandes hospitais, existem vagas para técnicos em enfermagem, odontologia, biomedicina e radiologia. Uma das maiores clínica de diagnóstico do DF, localizada no Setor Hospitalar Sul, hoje com cerca de 20 técnicos em seu quadro de pessoal. Eles representam 40% do total de empregados e trabalham não apenas na área de saúde, mas também na administração da empresa. "Todos eles são profissionais muito responsáveis, práticos e que desenvolvem bem as atividades especificas. Nunca tivemos nenhum tipo de problema com eles;, informa Danielle Fernandes, responsável pela área de recursos humanos da clínica.

Os jovens que se interessarem por um curso técnico na área de saúde ou em mesmo em outros setores, devem ficar atentos às oportunidades que estão surgindo. O Governo Federal está investindo no setor, considerado um dos mais promissores para os jovens em início de carreira. Prova disso é que, até o fim do ano, devem ser abertas 208 novas escolas federais de ensino profissionalizante em todo o País.

Onde estão os melhores salários?


O mercado de trabalho tem reconhecido o valor do ensino técnico e está pagando salários cada vez melhores a esses profissionais. No Brasil, os vencimentos iniciais giram em torno de três ou quatro salários mínimos. Confira:

CURSOS

Manutenção em aeronaves: mecânica hidráulica, elétrica para empresas aéreas. Salário: R$ 2.551,85. Com mais de 10 anos: R$ 6.704,17

Mineração: lavra, tratamento de mineração, recuperação ambiental e uso de softwares ligados a geologia. Salário: R$ 2.511,04. Com mais de 10 anos: R$ 6.963,64

Mecatrônica: planeja, supervisiona, controla e realiza ações de montagem e de manutenção de sistemas eletroeletrônicos. Salário: R$ 2.357,72. Com mais de 10 anos: R$ 6.105,85

Montagem industrial: serviços de manutenção de equipamentos e instalação. Salário: R$ 2.149,36. Com mais de 10 anos: R$ 6.090,96

Construção civil: elaboração de planilhas de orçamento e controle da obra, execução. Salário: R$ 2.130,69. Com mais de 10 anos: R$ 6.150

Edificações: atividades específicas da área de Construção Civil, concepção de projetos, planejamento, orçamento de obras, supervisão da execução. Salário: R$ 1.800. Com mais de 10 anos: R$ 7.340

Eletrônica: projeta, monta e instala equipamentos eletrônicos na linha de produção, programação de informática e manutenção dos aparelhos. Salário: R$ 1.300. Com mais de 10 anos: R$ 4.450

Secretariado: organização da empresa, planilhas orçamentárias e assessoria aos gerentes, diretores e presidência. Salário: R$ 1.000. Com mais de 10 anos: R$ 3.990

Fonte: MEC/SENAI, 2013

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