A ousadia profissional não valorizada apenas no setor privado. No campo público, profissionais inovadores também ganham cada vez mais espaço. É o caso da amazonense Ana Célia Costa.
Formada em Jornalismo e Letras, ela começou a trabalhar com redes sociais em 2009, a partir do convite de uma agência de Brasília. ;Mudei de Manaus sem conhecer a equipe da agência pessoalmente. Enviei minha carteira de trabalho por Sedex;, conta Ana Célia.
Desde então, ela desenvolve projetos em redes sociais para embaixadas, governos e partidos políticos. Passou pelas áreas de produção de conteúdo, planejamento, monitoramento e métricas. Atualmente, presta consultoria em comunicação digital para a Secretaria-Geral da Presidência da República.
;Nas duas últimas vezes que eu fui a Paris fiz questão de conhecer a equipe de redes sociais da prefeitura e de agência da cidade. Acredito que o aprendizado está na sala de aula e em uma boa conversa com quem realmente mete a mão na massa;, opina a especialista em comunicação digital, para quem o machismo e o preconceito regional ainda são barreiras a serem vencidas no mercado de tecnologia.
;Sou pequena e magra. Isso não dá muita credibilidade no mundo em que homens com cabelos grisalhos (ou não) são ouvidos atentamente. Mas isso nunca foi motivo para desanimar. Mudei de cidade sem medo do que ia encontrar. Sempre busquei convencer as pessoas por meio dos resultados dos meus trabalhos. Mas não vou dizer que isso é uma guerra vencida. Você tem que lutar todo dia;, conclui.
Automotivação
De acordo com a professora do departamento de administração da Universidade de Brasília, Débora Barem, a automotivação é um dos aspectos mais importante de uma trajetória de sucesso. "Um dos momentos cruciais são os de escolha ou redirecionamento profissional", explica. Nesses períodos, a questão financeira costuma ser vista como o principal atrativo. As profissões da "moda" parecem mais interessantes. E essa seria uma das grandes armadilhas pra quem está prestes a entrar em um mercado de trabalho dinâmico e exigente.
"Se você for um bom profissional, vai ser bem remunerado em qualquer área, seja ela tradicional ou não", lembra Débora. "É importante analisar suas características pessoais e avaliar se as condições de trabalho de determinadas profissões são suportáveis. O fundamental é fazer algo que te agrade e que te motive a sempre se renovar."
Especialista em mercado de trabalho, a professora da UnB observa que mesmo as profissões ditas tradicionais vêm se remodelando. No Direito, áreas como meio ambiente e trabalho exigem atuações cada dia mais sofisticadas, com conhecimento de legislação internacional e capacidade de organizar informações distribuídas pela internet. Segmentos como saúde, turismo e serviços seguem o mesmo caminho. Inovar há muito deixou de ser uma exigência apenas para profissionais de tecnologia, comunicação e informática.
"Um profissional bem-sucedido depende muito de suas competências, ou seja, precisa aliar, conhecimento, habilidade, valores e atitude", avalia Débora. "Se você consegue esse equilíbrio, poderá alcançar bons resultados tanto em uma área tradicional e mais disputada quanto em uma profissão recém-criada, sem muita concorrência."