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Mourão mostra preocupação com queimadas, enquanto Amazônia segue ardendo

Dia 30 de julho, foram 1.007 focos de calor registrados, o recorde para um único dia do mês desde 2005. Neste mesmo dia, no ano passado, foram 406 focos. Governo amplia força-tarefa

Enquanto a Amazônia Legal segue queimando, com recorde diário em 30 de julho, de mais de mil focos de calor em um único dia, o vice-presidente da República,  Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, mostrou preocupação com as queimadas nesta época do ano, na edição desta segunda-feira (3/8) do programa Por Dentro da Amazônia, que vai ao ar na Rádio Nacional, todas às segundas-feiras. “Todos os anos, quando chega o período de estiagem, ou seja, o verão amazônico, o risco aumenta pois o clima e a vegetação ficam mais secos com poucas nuvens e quase nenhuma chuva . Esses fatores naturais favorecem aparecimento de focos de incêndio. Diferentemente da queimada natural, o incêndio florestal é fogo fora de controle”, disse Mourão. 

Imagens de satélite apontaram que 30 de julho registrou 1.007 focos de calor, o maior número para um único dia de julho desde 2005. Neste mesmo dia, no ano passado, foram 406 focos. “Somente em julho, foram registrados 6.804 focos de calor na Amazônia, um aumento de 21,8% quando comparado ao mesmo mês do ano passado. A moratória, que proíbe as queimadas no papel, não funciona se não houver também uma resposta no campo, com mais fiscalizações. Afinal, criminoso não é conhecido por seguir leis. Assim como a GLO (Garantia de Lei e da Ordem) aplicada sem estratégia e sem conhecimento de como se combate as queimadas, também não traz os resultados que a Amazônia precisa”, comentou Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace.

No programa de rádio, Mourão afirmou que, neste momento de pandemia do novo coronavírus, os problemas respiratórios de pessoas infectadas pela covid-19 pode ser agravado pela fumaça vinda das florestas. “Sabemos que a cultura do fogo ainda existe no campo, e essa tarefa não será fácil de ser enfrentada, mas é uma questão que não podemos deixar de lado e é fundamental para que possamos demonstrar ao restante da sociedade brasileira e à comunidade internacional não só a nossa capacidade, mas principalmente nosso comprometimento com a preservação da floresta”, ressaltou o vice-presidente.

Hamilton Mourão admitiu que, apesar de muitos incêndios serem iniciados pelo desconhecimento de alternativas seguras, boa parte deles é praticada de forma criminosa. “A queima do pasto é feita para rebrota e, feita indiscriminadamente, resulta em um incêndio incontrolável”, pontuou. O coordenador do Conselho da Amazônia afirmou, no entanto, que os esforços estão concentrados nas áreas com mais risco de incêndio, ou seja, nas desmatadas. “Equipes de bombeiros e brigadistas treinados em conjuntos com fiscais da Operação Verde Brasil II, estão intensificando o seu trabalho de acompanhamento para deter focos de incêndios que apareçam”, assinalou. A moratória do fogo foi assinada em 15 de julho e proíbe o uso de fogo em áreas rurais por um período de 120 dias.

Um levantamento feito pelo Greenpeace Brasil aponta que dos focos de calor registrados em julho, 539 foram dentro de Terras Indígenas, um aumento de 76,72% em relação ao ano passado, quando foram mapeados 305 focos. Além disso, 1.018 atingiram Unidades de Conservação, um aumento de 49,92% em relação ao mesmo período do ano passado. “O desmatamento precisa ser combatido durante todo o ano, principalmente considerando que as queimadas na Amazônia não são resultado de um fenômeno natural, mas da ação humana”, explicou Batista, do Greenpeace. “A prática se tornou mais comum com a falta de fiscalização e o desmantelamento dos órgãos ambientais”, acrescentou.

Força-tarefa

O Ministério do Meio Ambiente anunciou ampliação da força-tarefa para combate a incêndios na Amazônia Legal. De acordo com a pasta, serão disponibilizadas mais cinco aeronaves com líquido de efeito retardante para conter as queimadas. Mato Grosso será o primeiro destino, a partir da próxima semana. 

Serão aplicados R$ 10 milhões para contratar as aeronaves Air Tractor durante o período de maior seca na região. Com elas, será possível percorrer uma distância de 1.037 km, distância linear aproximada entre Brasília e Curitiba. Serão cerca de 1.150 horas de voo com capacidade de pulverizar líquido com efeito retardante equivalente a 20 mil caixas d’água. 

“Além da disponibilização das aeronaves, nós aumentamos e muito o número de brigadistas contratados pelo Ibama e ICMBio no período de seca. Nos últimos cinco anos, o aumento de brigadistas atuando no combate ao fogo foi de 50%. Nós estamos atuando em várias frentes para combater os incêndios florestais”, declarou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.