Politica

Policiais reagem a denúncia de espionagem pelo governo: 'Perseguição'

Para grupo de policiais que se autodenomina antifascista, a notícia de que o Ministério da Justiça os monitora é uma reedição de ações do tempo da ditadura militar

A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) manifestou-se pela liberdade de pensamento e disse ver com preocupação tanto a portaria da Controladoria-Geral da União (CGU) quanto eventual dossiê contra servidores produzido pelo Ministério da Justiça. A entidade reiterou que “a livre expressão do pensamento é garantida pela Constituição, lei máxima deste país, e que os servidores públicos não abrem mão desse direito quando são aprovados em concurso público”. “A Fenapef tem compromisso com todos os policiais federais, independentemente de sua linha de pensamento, e estará alerta para que nenhuma retaliação ou injustiça possa ser perpetrada. Isso posto, reforça que tem a plena convicção de que, em um regime democrático, com instituições consolidadas, nenhuma ilegalidade será cometida.”

á o Movimento Policiais Antifascismo comparou os atos aos praticados durante a ditadura militar. “Enquanto trabalhadores que compreendem que a liberdade de pensamento e de associação não são crimes, enxergamos como inadmissível o fato de ainda existirem, no seio do Estado democrático de direito, estruturas governamentais que se prestam a reeditar ações similares às dos não memoráveis Dops (Departamentos de Ordem Política e Social) e Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa Interna), se afigurando enquanto instrumentos de perseguição política a opositores, financiados com recursos do povo brasileiro”, afirmou.

Em nota nesta semana, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirmou que “se trata de uma medida arbitrária, que remete aos tempos da ditadura militar e cujo intuito claro é o de intimidar e constranger servidores públicos da área de segurança que se posicionam contra as incontáveis ações e declarações beligerantes e radicais do atual presidente da República”. “A integração dos órgãos de segurança, missão primeira da Seopi, não pode ser aparelhada por uso político-ideológico do governo”, continuou. Outro trecho destacou: “É inaceitável, depois de décades de redemocratização, que o Brasil tenha de enfrentar arbitrariedades de cerceamento do livre pensamento de cidadãos por meio de dossiês intimidatórios, gestados nos porões da administração pública federal, que só encontram paralelo em regimes democráticos”.

Num debate virtual, ontem, que reuniu parlamentares e policiais, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) destacou que investigação contra cidadãos que não praticaram crimes viola a legislação. “Este senhor, ministro da Justiça, e o seu patrão, Jair Bolsonaro, estão rasgando o texto constitucional. Estão rasgando o mais sensível dos princípios elevados à categoria de cláusula pétrea. No artigo 5º da Constituição, diz que todos são iguais perante a lei”, reprovou.