O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ontem que é "dever" do seu partido não criar "nenhuma objeção" às denúncias contra o senador José Serra e o ex-governador Geraldo Alckmin. Segundo Doria, as investigações contra seus correligionários são "técnicas" e, por isso, a sigla não deve condená-las.
, acusado de receber dinheiro da Odebrecht de forma irregular quando foi governador do Estado, entre 2006 e 2007. Na última terça-feira, ele foi alvo de outra investigação, em que é suspeito de ter recebido R$ 5 milhões da operadora de planos de saúde Qualicorp sem declarar à Justiça Eleitoral na campanha ao Senado de 2014. O senador nega as acusações.
Já Alckmin foi denunciado anteontem sob a acusação de ter recebido R$ 11,3 milhões da Odebrecht de forma irregular para financiar suas campanhas ao governo do Estado de 2010 e 2014.
A empreiteira não poderia ter feito doações eleitorais porque tinha duas contratos em vigor com o governo estadual. O tucano também nega ter cometido irregularidades. "Alckmin manteve postura de retidão e respeito à lei sem jamais abrir mão dos princípios éticos", diz sua defesa.
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Na sequência, o governador paulista disse que nem Serra nem Alckmin foram condenados ainda. "Minha posição, assim como a do PSDB do Estado de São Paulo é de que toda investigação deve ser efetivada sem nenhum obstáculo, sem nenhuma obstrução, até que se tenha o resultado final", declarou. Sem citar o PT, Doria disse que essa posição é diferente de "outro partido que, na defesa do seu presidente de honra, criou obstáculos" e classificou como política a investigação. "O PSDB não classifica essas investigações como de ordem política", afirmou.
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Uma ala do PSDB ligada a Doria viu a oportunidade de voltar a pregar a construção de um "novo" PSDB, a partir das denúncias recentes contra Serra e Alckmin, como mostrou ontem o Estadão. Esse grupo defende uma espécie de "reciclagem" da sigla, com o afastamento de nomes antigos e até a aposentadoria do tucano, ave que é símbolo histórico da legenda. Para esses aliados do governador, tentar mudar a imagem do PSDB é menos traumático do que uma troca de legenda, pensando na campanha à Presidência de 2022.
Embora existam siglas dispostas a abraçar o projeto pessoal de Doria, como o PSD de Gilberto Kassab, a estrutura do PSDB ainda garante ao governador significativa capilaridade em São Paulo - capital e interior do Estado, o principal colégio eleitoral e o segundo maior orçamento do País, atrás apenas do governo federal
Em entrevista à Rádio Eldorado, ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que o PSDB "precisa se reinventar, assim como todos os partidos".
Questionado sobre o envolvimento de tucanos em investigações, o deputado disse ter "ótima relação" com Serra e Alckmin e elogiou Doria. "O PSDB vai reconstruir a sua imagem. Tem o governador de São Paulo (João Doria), que é sempre um nome muito forte (para a sucessão presidencial)", acrescentou.