O deputado Professor Israel Batista (PV-DF) afirmou que os parlamentares não gostaram da contraproposta do governo de destinar parte do valor do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para programa social. “É um absurdo você tirar da escola pública para fazer assistência social. Nem os deputados da educação e da renda mínima vão aceitar isso, porque a escola pública é um grande programa social no Brasil”, enfatizou, em entrevista, ontem, ao programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília/RedeTV.
De acordo com Israel Batista, os deputados não são contra a criação de programas sociais, porém acreditam que os recursos devem ser destinados de outros órgãos. “Nós precisamos tirar dinheiro para assistência social de outras pastas. Eu não posso tirar do pobre para dar ao pobre”, comparou.
Outro ponto polêmico defendido pelo governo é renovar o fundo somente a partir de 2022. Segundo Israel Batista, caso a votação não ocorra ainda neste ano, a educação pode ser prejudicada, principalmente em cidades com poucos recursos. “Em dezembro de 2020, o fundo acaba. Se a gente não tiver votado até lá, não vamos ter Fundeb. Com isso, vamos ver municípios pagando R$ 500 para o estudante frequentar a escola, quando o mínimo adequado é de R$ 5.500”, frisou.
Questionado sobre a sabatina do novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, o deputado explicou que a Câmara quer saber o plano estratégico dele para a área. “Se ele focar em assuntos emocionantes, como doutrinação nas escolas, Paulo Freire e ideologia de gênero, saiba que não terá o apoio do Congresso”, destacou, numa referência à pauta dos ministros anteriores da pasta. “A Câmara quer saber como será pago o salário de professores em municípios mais humildes, a formação dos docentes e outros temas relevantes.”
Sobre a relação do Parlamento com os antecessores de Milton Ribeiro, o parlamentar disse que não existiu diálogo deles com o Congresso. O MEC está no quarto ministro neste governo. Ricardo Vélez e Abraham Weintraub se perderam em disputas ideológicas e nada avançaram nas pautas do ministério, e o terceiro titular, Carlos Alberto Decotelli, ficou apenas cinco dias no cargo, devido a inconsistências no currículo. Sobre Weintraub, o mais explosivo dos três, Israel Batista afirmou que a postura dele com os parlamentares era de hostilidade. “Ele desagradou a parlamentares de todo os espectros políticos, exceto os deputados que têm uma postura mais agressiva e fanática”, relatou. Em relação a Ricardo Vélez, a falta de um plano estratégico para a Educação foi um dos pontos críticos, conforme Israel Batista.
*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa