O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin foi indiciado, ontem, pela Polícia Federal, acusado dos crimes de corrupção passiva, caixa dois de campanha e lavagem de dinheiro. O indiciamento ocorreu no âmbito de um inquérito que investiga repasses de propina pela Odebrecht a políticos. De acordo com as investigações, ele recebeu, pelo menos, R$ 10 milhões em repasses para serem usados em campanhas eleitorais. Além do ex-candidato do PSDB à Presidência, também foram indiciados o ex-tesoureiro do partido Marcos Monteiro e o advogado Sebastião Eduardo Alves de Castro. Citado na delação da Odebrecht, o ex-governador era investigado desde 2017.
Alckmin foi governador do estado entre 2001 e 2006, e também no período de 2011 a 2018. Ele foi citado, em depoimento, por Carlos Armando Paschoal, ex-diretor da Odebrecht em São Paulo. Ele disse que se encontrou com o tucano e recebeu das mãos do ex-governador o cartão de visita de Adhemar Ribeiro, cunhado de Alckmin. “Quando eu entrei, eu percebi que eles já tinham conversado. O doutor Alckmin pediu para a secretária um cartão que tinha um nome, os contatos, me entregou aquilo lá”, disse Ribeiro em um trecho da delação.
Em 2010, Alckmin teria recebido R$ 2,5 milhões, via Ribeiro, para usar na campanha eleitoral. Em 2014, quando disputou a reeleição, teria recebido mais R$ 8,2 milhões. Em 2018 ele saiu do Palácio dos Bandeirantes para disputar à Presidência da República, perdendo foro privilegiado. Com isso, as investigações, que estavam no Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram para a Justiça Eleitoral na esfera estadual. O indiciamento da PF já está no Ministério Público do Estado de São Paulo, que decide se aceita e oferece denúncia à Justiça, se arquiva o caso ou se pede novas diligências.
O ex-governador disse que não foi ouvido sobre o caso, e se diz tranquilo. Em nota, o PSDB destacou que confia em Alckmin e que ele é conhecido por sua retidão.
“Governador quatro vezes de São Paulo, quase cinco décadas de vida pública, médico, Geraldo Alckmin sempre levou uma vida modesta e de dedicação ao serviço público. É uma referência de correção e retidão na vida pública. Tem toda a confiança do PSDB”, afirmou a legenda.
De acordo com as investigações, a propina foi repassada pela Odebrecht em troca de benefícios para adquirir contratos de obras no governo de São Paulo. As equipes policiais cruzaram dados e obtiveram informações que corroboram com a versão apresentada pelos delatores. O cunhado de Alckmin, que, de acordo com as diligências, foi responsável pela intermediação dos pagamentos, não foi indiciado — tem mais de 70 anos de idade e, por isso, seus crimes, que teriam ocorrido em 2010, prescreveram.