O debate sobre a criação de um imposto nos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) começa a se acirrar nos bastidores do Congresso e até a sucessão das presidências das duas Casas entrou na conta política da batalha. O governo tem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como o principal adversário no caminho do novo tributo, mas nomes do Executivo apostam que a necessidade de articulação e a construção de um consenso levarão tanto tempo que, até o desenlace, o deputado não estará mais à frente da Casa.
Maia, porém, corre com as discussões da reforma tributária, que poderá servir de porta de entrada para a criação do imposto. Mas se o tempo pender mesmo a favor de uma nova CPMF, a luta do parlamentar ficará enfraquecida. Isso parece se comprovar quando entram no cálculo as eleições municipais, os pleitos para a presidência da Câmara e do Senado e a complexidade do debate da reforma tributária, conforme apontam analistas políticos. Fontes do Ministério da Economia apostam nisso. Veem o deputado tragado pelas discussões a respeito do tema e pela articulação de um sucessor. “Rodrigo Maia é quase passado”, disse um membro da pasta ao Correio.
Os defensores da nova CPMF acreditam, ainda, que o nome mais forte à sucessão na Câmara será, também, a voz do debate sobre o tributo. Se o governo conseguir um candidato forte e favorável ao imposto, a expectativa é de que Maia seja atropelado. Como há acordo fechado com parte do Centrão, a esperança é que saia dali o defensor da contribuição. “Maia tem agido de forma muito autoritária em relação à proposta de reforma tributária”, disse Guilherme Afif Domingos, assessor especial do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Na sessão da comissão da reforma tributária, ontem, Maia discursou em nome de um laço mais forte com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). “Conversei com o presidente Davi. Pedi para ele que refletisse sobre a importância de a gente retomar o debate da comissão mista. Não queremos aprovar a reforma da Câmara, queremos aprovar a reforma do Congresso com o governo federal. Estamos prontos para agregar no nosso debate, para que todos possam participar”, ressaltou.
Ele também se dirigiu aos senadores. “Quero desejar sorte, torcer para que o Senado venha conosco. Não é uma questão de forçar, de pressionar. Nossa pressão não é nossa, é da sociedade em relação ao parlamento”, destacou. “A sociedade precisa do governo e do parlamento, de soluções para que, a partir do segundo semestre, mas, principalmente, do próximo ano, que nós tenhamos as condições para o Brasil crescer, voltar a gerar emprego, principalmente, emprego formal, de carteira assinada.”