A hidroxicloroquina voltou a ser tema de comentários de Jair Bolsonaro (sem partido). Dessa vez, o presidente disse que, embora tenha obtido bons resultados com o medicamento no tratamento que faz contra a covid-19, não aconselha o uso. "Não recomendo nada, recomendo que você procure seu médico", disse no vídeo.
“Muitos médicos dizem que a hidroxicloroquina funciona. Não estou fazendo nenhuma campanha para o medicamento, afinal de contas, o custo é baratíssimo. Talvez por causa disso que tem muitas pessoas contra. E outras, parece, que é por questões ideológicas“, completou Bolsonaro.
A declaração ocorre após o subprocurador do Ministério Público Lucas Rocha Furtado pedir, na última terça-feira (14/7), que o Tribunal de Contas da União (TCU) obrigue o presidente a deixar de “propagandear o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no trato da covid-19″.
Confira seis momentos em que o chefe do Executivo defendeu o uso do remédio contra o novo coronavírus:
Tomando remédio diante das câmeras
Horas depois de anuncar o teste positivo para o novo coronavírus, Jair Bolsonaro postou um vídeo nas redes sociais em que aparece engolindo um comprimido, segundo ele, de hidroxicloroquina. Bolsonaro diz que aquela era a terceira dose que tomou da medicação. "Estou tomando aqui a terceira dose da hidroxicloroquina. Estou me se sentindo muito bem. Estava mais ou menos domingo, mal na segunda-feira. Hoje, terça, estou muito melhor do que sábado. Então, com toda certeza, né, está dando certo", disse rindo, antes de engolir a cápsula.
Protocolo que derrubou ministros
O presidente ampliou o protocolo adotado pelo Ministério da Saúde sobre o uso cloroquina no dia 20 de maio. "O Conselho Federal de Medicina diz que pode usar desde o começo então. É direito do paciente. O médico na ponta da linha é escravo do protocolo. Se ele usa algo diferente do que está ali e o paciente tem alguma complicação ele pode ser processado", apontou o chefe do Executivo.
Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich deixaram o comando do Ministério da Saúde após discordarem do presidente sobre o uso do medicamento e sobre o isolamento vertical. - apenas de idosos e população de risco - como forma de combate à pandemia.
"Enquanto não chega a vacina, único tratamento é a cloroquina"
No dia 4 de julho, o presidente disse que a hidroxicloroquina era o único tratamento enquanto não houvesse vacina para a covid-19. “Estamos tendo notícias, inclusive também cada vez mais não só no Brasil como no mundo, o tratamento precoce via hidroxicloroquina tem surtido efeito. Então nós apelamos àqueles ainda que resistem no tocante a esse protocolo, que como é um protocolo, é algo oficial, que realmente entendo que a única prevenção, o único tratamento que temos é a hidroxicloroquina enquanto não chega a vacina”, apontou o presidente. A declaração foi feita durante entrevista ao Grupo ND de Santa Catarina.
Reunião com pesquisadores
O presidente também disse ter feito reuniões, no início de abril, com dois grupos de pesquisadores brasileiros para discutir sobre a eficiência da hidroxicloroquina no combate à Covid-19. Segundo ele, os pesquisadores “foram unânimes de que a cloroquina é quase uma realidade, é bastante palpável” para amenizar os efeitos da doença provocada pelo novo coronavírus.
"Tivemos a sorte de esse material aí, chamado hidroxicloroquina, que alguém teve a ideia de ministrar isso aí e deu certo. Deu certo, não. Está dando certo", disse o presidente em entrevista ao programa de tevê programa Brasil Urgente no dia 1º de abril.
Visita à farmácia no Sudoeste
Saiba Mais
A farmacêutica que atendeu o presidente conversou com o Correio na ocasião e disse que Bolsonaro afirmou que testes científicos comprovam a eficácia do medicamento no combate a doença causada pelo novo coronavírus. “Ele disse que a cloroquina foi testada mesmo, e agora tem efeito de tratamento para o covid-19”, completou.
Produção de cloroquina pelo Exército
Mesmo com a falta de um parecer favorável ao medicamento por parte da comunidade científica internacional, Bolsonaro mandou, em março, que o Exército brasileiro produzisse cloroquina. Mais de 1,2 milhão de comprimidos do remédio foram fabricados pelo Laboratório Químico Farmacêutico do Exército – normalmente são 250 mil a cada dois anos.
Em junho, o Ministério Público (MP) protocolou um pedido para que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue superfaturamento na produção de cloroquina pelo Exército. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram distribuídos 4,3 milhões de comprimidos aos estados desde o início da pandemia.