"Em alguns cargos, tem de haver estabilidade. No caso de um juiz, que precisa proferir decisões contra poderosos ou policiais, que correm riscos, isso é necessário. Mas existem funções que não, você poderia ter mais flexibilidade. Ou, pelo menos, o processo deveria ser mais simples para mandar embora aqueles que não trabalham direito por incompetência", disse.
Douglas também comentou as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que comparou servidores públicos a parasitas. A declaração foi feita em fevereiro, em uma palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), ocasião em que defendeu uma reforma administrativa para melhorar a situação fiscal de estados que gastam acima do teto.
"Eu já conheço o Paulo Guedes há muito tempo. Ele é extremamente competente e inteligente, alguém que eu tenho certeza de que quer o melhor para o país, mas ele tem a linha dele, baseada no liberalismo da Escola de Chicago. Conversei com ele e falei das exceções. Ele até chegou a pedir desculpas. Quando ele fala que tem parasita, a gente sabe que tem. Existem muitos servidores que ficam conversando no trabalho enquanto deveriam estar trabalhando, ou olham com aquela cara feia na hora de atender, tratam mal, esses são parasitas mesmo. Mas o erro dele foi colocar todos no mesmo saco", pontuou.
Para o juiz, a decisão do governo de travar os concursos públicos federais está em linha com a agenda liberal do Ministério da Economia e tem a ver também com a pandemia. Na sua avaliação, os concursos voltarão ocorrer porque a economia deve voltar a crescer nas mãos de Guedes. Mas ele defende que a admissão de servidores deve seguir o bom senso.
"Não pode ter um excesso, colocar muita gente lá. Isso já aconteceu antes, um endeusamento do Estado, como se ele fosse resolver tudo. Ele foi inchado e a gente ainda está pagando o preço por isso. Se há um excesso de Estado, há um aumento de gastos", afirmou.
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Sobre as cotas em concursos públicos, o "guru" revelou-se contra, uma vez que, na sua visão, os processos seletivos são mais inclusivos. "Quando a gente consegue colocar um negro dentro do cargo público, ele ganha igual ao branco. É uma oportunidade extraordinária. Hoje temos cotas. Sou a favor delas quando se trata de educação, dando condições para estudar. No concurso, eu sou contra, porque quero o melhor para o Estado. Não importa a cor, quero o melhor", completou.
Assista à íntegra da entrevista:
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*Estagiário sob a supervisão de Fernando Jordão