Politica

Decotelli explica currículo a Bolsonaro e nega plágio: "distração"

Em entrevista na porta do ministério, ele afirmou não haver constrangimento com o presidente.

Correio Braziliense
postado em 29/06/2020 20:56
Em entrevista na porta do ministério, ele afirmou não haver constrangimento com o presidente.Após ter título de doutorado e de pós-doutorado desmentidos por universidades estrangeiras, o ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli da Silva, disse que se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (29/6) para explicar "essa questão de detalhe acadêmico de doutorado". Em entrevista na porta do ministério, ele ainda negou plágio em mestrado e que, mesmo após as polêmicas, afirmou não haver constrangimento com o presidente. 

"Quando se lê muitos livros, há obrigatoriamente de ter uma disciplina de escrever, revisar e, o que citar, tem de se mencionar. É possível haver distração, sim senhora", argumentou Decotelli sobre uma suspeita de plágio na tese de mestrado defendida por ele, em 2008, na Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro. A instituição comunicou que apura os fatos. 

"Hoje se tem softwares para avaliar se teve ou não inconsistência, mas naquela época não. Não houve plágio, porque ele ocorre quando se faz control C, control V (cópia) E não foi isso. A posição foi que houve distração da citação em um percentual mínimo da tese", justificou o ministro.

Decotelli foi anunciado como o terceiro ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro na última quinta-feira. Após publicar os principais pontos do currículo dele, as universidades citadas se pronunciaram sobre a falta de veracidade dos títulos e o Ministério da Educação (MEC) decidiu adiar a cerimônia de posse dele, marcada para esta terça-feira (30/6).

Ao ser questionado sobre a permanência dele no comando do MEC, Decotelli respondeu que o presidente não falou de constrangimento. "Ele falou que confia nos projetos para ter o Brasil equalizado, com oportunidades para todos", disse o ministro. 

Por meio das redes sociais, Jair Bolsonaro se posicionou sobre o assunto. "Por inadequações curriculares o professor vem enfrentando todas as formas de deslegitimação para o Ministério. O Sr Decoteli não pretende ser um problema para a sua pasta, bem como, está ciente de seu equívoco", publicou. 

O presidente concluiu o comunicado com elogios a Decotelli, tentando minimizar a incerteza sobre a permanência dele como ministro da Educação após as revelações de inconsistências no currículo. 

Linha cronológica das polêmicas curriculares de Carlos Decotelli 


Nomeação na Educação - quinta-feira (25/6)

O presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou a nomeação de Carlos Alberto Decotelli da Silva para comandar o Ministério da Educação (MEC) na última quinta-feira, por meio das redes sociais. No mesmo dia, a decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e a transição já começou a ser feita, com a ajuda do secretário-executivo do MEC, Antonio Paulo Vogel, interino desde a saída de Abraham Weintraub. 

Doutorado desmentido - sexta-feira (26/6)

O reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, Franco Bartolacci afirmou que Decotelli não concluiu o doutorado em administração na instituição e, portanto, não detém o título de doutor que ele descrevia no próprio currículo, disponibilizado na plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Esclarecimentos do MEC - sábado (27/6)

Ministério da Educação afirmou que a tese de doutorado feita por Decotelli na universidade argentina, "após avaliação preliminar pela banca designada, não teve sua defesa autorizada". Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente à banca. "Contudo, fruto de compromissos no Brasil e, principalmente, do esgotamento dos recursos financeiros pessoais, o ministro viu-se compelido a tomar a difícil decisão de regressar ao país sem o título de doutor em administração”.

Suspeita de plágio - sábado (27/6)

Levantamento feito pelo UOL apontou suspeita de plágio da tese de mestrado de Decotelli, apresentado em 2008 na Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro. A instituição informou que vai apurar a suspeita de plágio.

Pós-doutorado desmentido - segunda-feira  (29/6)

O pós-doutorado na Universidade Wuppertal, na Alemanha, que Decotelli informou ter realizado no currículo Lattes também foi desmentido pela instituição: "Ele não obteve nenhum título em nossa universidade”. 

Posse no MEC adiada - seria terça-feira (30/6)

O presidente da República, Jair Bolsonaro, optou por adiar a posse de Carlos Decotelli como ministro da Educação, marcada para terça-feira. Antes, Bolsonaro exigiu checagem de currículo do professor. 

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