Bolsonaro: Decotelli está ciente de equívoco e não pretende ser problema

Presidente deve manter novo ministro da Educação apesar de inconsistências no currículo dele e diz que Decotelli "vem enfrentando todas as formas de deslegitimação para o Ministério"

Correio Braziliense

postado em 29/06/2020 20:45

O presidente Jair Bolsonaro deve manter Carlos Alberto Decotelli como ministro da Educação a despeito de uma série de incongruências no currículo profissional do professor.

Em publicação nas redes sociais na noite desta segunda-feira (29/6) o mandatário afirmou que Decotelli "está ciente de seu equívoco" mas destacou que ele "não pretende ser um problema" para o governo.

O presidente ainda reclamou que, por conta de "inadequações curriculares", o professor esteja "enfrentando todas as formas de deslegitimação para o Ministério".

"Desde quando anunciei o nome do Professor Decotelli para o Ministério da Educação só recebi mensagens de trabalho e honradez", destacou Bolsonaro.

O presidente completou dizendo que "todos aqueles que conviveram com ele comprovam sua capacidade para construir uma Educação inclusiva e de oportunidades para todos".

Bolsonaro e o ministro da Educação tiveram uma reunião nesta tarde. O presidente quis as explicações de Decotelli depois de ele ter dois títulos acadêmicos em universidades fora do Brasil desmentidos pelas instituições em que ele havia afirmado ter realizado os cursos.

Constava no currículo do ministro que ele havia concluído doutorado em administração na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. A informação, contudo, foi negada pelo reitor da instituição na semana passada.

Depois da denúncia, Decotelli editou seu currículo na plataforma Lattes, retirando o título de sua tese, "Gestão de Riscos na Modelagem dos Preços da Soja", e o nome de seu orientador, Dr. Antonio de Araujo Freitas Jr. No lugar, ele passou a mencionar apenas "créditos concluídos" e "ano de obtenção: 2009". E, no campo relacionado ao orientador, o ministro assinalou: "sem defesa de tese".

Nesta segunda, foi a vez de a Universidade de Wuppertal (Bergische Universität Wuppertal), na Alemanha, contestar Decotelli. A instituição negou o pós-doutorado que o professor afirma ter no currículo.

Devido às inconsistências, Bolsonaro adiou a posse de Decotelli para o cargo, marcada inicialmente para esta terça-feira (30/6). Ainda não há previsão para a nova data.

Antes de confirmar que vai realmente haver posse, o presidente exigiu checagem do currículo do ministro. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Tribunal de Contas da União (TCU) estão investigando os demais títulos descritos por Decotelli no currículo do professor.