Além de pedir informações sobre ações realizadas pela força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, a Procuradoria-Geral da República tenta obter dados das ações da operação em São Paulo e no Rio de Janeiro. Um ofício, encaminhado pelo órgão às suas representações nos estados, solicita dados sob o argumento de que são necessários para “subsidiar o exercício” da PGR. A visita da subprocuradora-geral Lindora Araújo — braço direito do titular do órgão, Augusto Aras — à sede do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) provocou um racha dentro da instituição. Procuradores destacados para atuar na operação deixaram os cargos na sede do Ministério Público, em Brasília.
Integrantes da Lava-Jato, que já criticavam a decisão de Aras, entendem que não é mais possível confiar no chefe do MPF e avaliam que a tentativa de acessar informações, principalmente gravações de ligações realizadas por integrantes da força-tarefa em Curitiba tem como objetivo prejudicar o ex-juiz Sergio Moro, que saiu do governo Bolsonaro fazendo críticas ao presidente. Após a visita de Lindora, integrantes do MPF no Paraná ingressaram com uma reclamação na Corregedoria do órgão. Eles afirmam que a comunicação foi realizada por “cautela” e para “prevenir responsabilidades”.
As diligências da Lava-Jato no Rio subsidiaram a deflagração da Operação Furna da Onça, que apura um esquema de corrupção montando na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e que consiste na prática de rachadinha. Um dos alvos dessa operação é Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Procurado, o órgão esclareceu que “desde o início das investigações, há um intercâmbio de informações entre a PGR e as forças-tarefas nos estados, que atuam de forma colaborativa e com base no diálogo”. Ainda de acordo com a PGR, “processos que tramitam na Justiça Federal do Paraná têm relação com processos que tramitam no STF e no STJ (Superior Tribunal de Justiça)”.
Sobre a ida de Lindora à sede do MPF no Paraná, a PGR informou que o procedimento já estava marcado. “Não houve inspeção, mas uma visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos. Um dos papéis dos órgãos superiores do Ministério Público Federal (MPF) é o de organizar as forças de trabalho”, frisa a nota.
FGV investiga suposto plágio
A Fundação Getulio Vargas (FGV) vai apurar denúncia de plágio na tese de mestrado apresentada pelo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, na instituição, em 2008. No currículo na plataforma Lattes, Decotelli incluiu mestrado profissional em administração pela FGV, com a dissertação “Banrisul: do Proes ao IPO com governança corporativa”. O trabalho, porém, teria trechos semelhantes aos de relatório feito pela Comissão de Valores Mobiliários em 2007. A FGV afirmou que se houve “procedimento inadequado”, tomará as medidas administrativas e judiciais cabíveis. Em nota, o MEC refutou a acusação e disse que "o trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que (o ministro) procurou creditar todos os pesquisadores e autores que serviram de referência”. “O ministro destaca que, caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas." Ele disse que revisará o texto. Decotelli já tinha retirado do currículo dele a menção de que fez doutorado na Universidade Nacional de Rosario, na Argentina, depois de ter sido desmentido pelo reitor da instituição.