Politica

Equipe da Lava-Jato na PGR pede demissão por discordar da gestão de Aras

Ação ocorre após visita de procuradora que teria solicitado acesso a dados colhidos durante a operação Lava-Jato

Correio Braziliense
postado em 26/06/2020 19:48
Ação ocorre após visita de procuradora que teria solicitado acesso a dados colhidos durante a operação Lava-JatoProcuradores da força-tarefa da Lava-Jato na Procuradoria Geral da República (PGR) pediram demissão na noite desta sexta-feira (26), por discordarem da gestão do chefe do órgão, Augusto Aras. O estopim foi a visita da procuradora Lindora Araújo, braço direito de Aras, a sede do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), na quarta-feira (24) e quinta-feira (25). 

De acordo com informações obtidas pelo Correio, deixaram os cargos os procuradores Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely. No entanto, outros nomes podem entregar os cargos em razão do descontentamento com a gestão de Aras.

Integrantes do MPF no Paraná ingressaram com uma reclamação na corregedoria do Ministério Público Federal (MPF) em razão da visita de Lindora e sobre a solicitação do compartilhamento de dados da operação. Relatos dos integrantes da Lava-Jato em Curitiba revelam que a subprocuradora Lindora Araújo, braço direito de Aras, foi até a sede do órgão na capital paranaense para solicitar acesso a gravações e documentos referentes a operação que desarticulou um esquema de corrupção na Petrobras. A informação foi revelada pela TV Globo e confirmada pelo Correio.

A visita de Lindora gerou, além de Brasília, reações e revolta de procuradores na capital paranaense, que vêem o ato como fora do comum e avaliam que a tentativa seria prejudicar o ex-juiz Sérgio Moro, que foi, durante quatro anos, o principal nome da operação. Em ofício enviado à corregedoria, integrantes do MPF no Paraná afirmam que a comunicação foi realizada por "cautela" e para "prevenir responsabilidades". O Correio apurou que a visita causou estranheza em integrantes da própria PGR que não haviam sido informados da ação.

Procurada pela reportagem, a PGR esclareceu que "desde o início das investigações, há um intercâmbio de informações entre a PGR e as forças-tarefas nos estados, que atuam de forma colaborativa e com base no diálogo". Ainda de acordo com a PGR, "processos que tramitam na Justiça Federal do Paraná têm relação com processos que tramitam no STF e no STJ, e a subprocuradora-geral Lindora Araújo é responsável pela interlocução entre as diferentes equipes da Lava Jato".

Em nota, a PGR informou que o procedimento já estava marcado e se tratou de uma reunião de trabalho. “A visita foi previamente agendada, há cerca de um mês, com o coordenador da força-tarefa de Curitiba - que, inclusive, solicitou que se esperasse seu retorno das férias, o que foi feito. O procurador Deltan Dallagnol sugeriu que a reunião fosse marcada para entre 15 e 19 de junho, mas acabou ocorrendo nessa quarta-feira (24) e quinta-feira (25)”, informa o texto.

“Não houve inspeção, mas uma visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos. Um dos papéis dos órgãos superiores do Ministério Público Federal (MPF) é o de organizar as forças de trabalho. Não se buscou compartilhamento informal de dados, como aventado nas notícias da imprensa, mas compartilhamento formal com acompanhamento de um funcionário da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (Sppea), órgão vinculado à PGR, conforme ajustado previamente com a equipe da força-tarefa em Curitiba”, completa o texto.

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