O diretor de estratégia política do Todos pela Educação, João Marcelo Borges, afirmou que a nomeação de Carlos Alberto Decotelli para o comando do ministério é uma sinalização de “pacificação” do MEC. “Ele é uma pessoa bastante séria. Tem experiência na máquina federal, o que é importante”, avaliou. “Teve boas relações no tempo em que ficou no FNDE, mantém diálogo, é extremamente culto e educado e tem o aval da ala militar.”
Para Mozart Neves Ramos, educador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), a nomeação de Decotelli foi surpresa positiva. ‘Estamos na educação precisando, como nunca, de uma pessoa conciliadora e que saiba conduzir o processo educacional com diálogo”, frisou. Na avaliação dele, porém, o grande desafio de Decotelli será se impor em meio ao espírito de embate estabelecido no MEC na última gestão.
Também deverá constar na lista de principais preocupações do novo ministro a pacificação do diálogo nacional sobre a educação, o restabelecimento do canal de comunicação com o Congresso e com estados e municípios, o planejamento para a volta das aulas presenciais em meio à pandemia da covid-19.
O deputado federal Israel Batista (PV-DF) destacou o fato de Decotelli não ser um nome ligado à educação de base, mas aposta na abertura do diálogo do novo ministro. “Ele está mais ligado a cursos de pós-graduação e não é tido como um especialista em educação, mas é um nome técnico. Se ele ouvir a equipe de servidores efetivos do ministério, pode ser que tenha sucesso”, disse.
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) afirmou que “enquanto presidente do FNDE, Carlos Alberto Decotelli manteve um bom canal de diálogo com os secretários” e que “acredita na possibilidade de ampliação do diálogo e na contínua interação com o Ministério da Educação, para que políticas educacionais, como a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o novo ensino médio, possam avançar.”
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) disse que “Decotelli é reconhecido por seu perfil acadêmico sólido, competência, fácil diálogo e ampla experiência”.
Abraham Weintraub também elogiou a nomeação. “Tive o prazer de trabalhar com o Decotelli. Desejo muita sorte e sucesso ao ministro e ao presidente Jair Bolsonaro”, escreveu no Twitter.
Mas, o nome de Decotelli também enfrenta resistência. O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, afirmou que Bolsonaro entregou o MEC ao “mercado financeiro”. “O novo ministro da Educação não tem praticamente nenhuma experiência ou proximidade com a educação.”
A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Rozana Barrozo, concordou. “Nós questionamos quais são as prioridades do governo Bolsonaro para a educação, visto que, mais uma vez, o ministro é alguém ligado à economia”, disse. (MN e IS)