Com nove deputados na Câmara, integrantes da bancada do PSC cobraram, ontem, mais espaço no governo em troca do apoio que têm dado em votações de interesse do Planalto. A reivindicação foi feita por representantes da legenda em café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
O PSC é também o partido do governador do Rio, Wilson Witzel, que se tornou adversário do chefe do Executivo federal e está rompido também com a cúpula da própria sigla.
Após o encontro, o deputado Otoni de Paula (RJ) afirmou que o partido quer “tratamento igualitário” do governo em relação a outras legendas. “Foi um encontro de aproximação política, já que o PSC votou quase 90% dos interesses do governo”, afirmou. Na visão do parlamentar, o Planalto conseguirá montar uma base de sustentação no Congresso, pois “está caminhando para a maturidade” política, “sem negociar seus valores”.
Nos últimos meses, Bolsonaro passou a negociar cargos em ministérios e autarquias com partidos do Centrão — formado por PP, PL, Republicanos, PTB, DEM, Solidariedade e PSD. O movimento faz parte de uma tentativa do presidente de fortalecer a base de apoio no Parlamento e se blindar de um eventual processo de impeachment.
Bolsonaro já chamou as práticas do Centrão de “velha política”, mas recorreu ao “toma lá, dá cá” diante da escalada da crise política, acentuada pelas investigações que apuram as denúncias de tentativa de interferência na Polícia Federal feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Ainda de acordo com Otoni, o presidente sinalizou, durante a reunião, que está disposto a viabilizar cargos para partidos. Entre os caciques das legendas que já indicaram nomes ao governo estão alguns políticos investigados na Lava-Jato.