Politica

Bolsonaristas já falam em candidatura em SP

Abraham Weintraub foi demitido do Ministério da Educação, está perto de assumir um cargo no Banco Mundial pelo menos até outubro, mas seu voo parece ser mais longo. Nem exonerado da pasta foi ainda, e a base bolsonarista clama para que seja candidato ao governo da São Paulo, em 2022. Nas redes sociais, apoiadores do ex-ministro já publicam #WeintraubGovernadorSP2022, com mensagens elogiosas e que pedem para que ele se candidate a um cargo público.


Se ele vai atender aos clamores dos bolsonaristas e terá a bênção dos próprio presidente da República, é uma incógnita. Mas falando como futuro candidato ele já está. Ontem, ele e seu possível concorrente — caso desista de concorrer ao Palácio do Planalto —, o governador João Doria, trocaram farpas pelas redes sociais.


“O pior ministro da Educação do Brasil se preocupou mais em ofender do que educar. Misto de ideologia e incompetência, a gestão de Weintraub no MEC significou anos de atraso em uma das áreas mais sensíveis para o futuro do país. Vergonhoso”, publicou o governador. Weintraub se apressou em rebater:
“Governador Doria, docinho, que delícia! Pegue as compras dos hospitais de São Paulo e compare com os preços dos hospitais universitários do MEC. Respirador, máscara, álcool em gel, pode escolher. Caso tenha um item seu mais barato, uso sapato sem meia e calça apertada sem cueca, para não marcar”, ironizou.


Para o cientista político e jurista Rafael Favetti, o primeiro ponto a ser compreendido é que Weintraub é um dos quadros mais aguerridos do bolsonarismo e, portanto, pode se engajar num projeto que conta com, pelo menos, 30% dos votos do país. “O bolsonarismo, hoje, é a maior minoria. Ela é coesa, não só é forte quantitativamente, mas também qualitativamente. Os bolsonaristas são antenados, não saem do celular, defendem o presidente de qualquer crítica”, avalia, acrescentando que as polêmicas nas quais se envolve tornam Weintraub mais visível ao eleitorado.


Sucessão

Enquanto Weintraub prepara a mudança para Washington, o MEC vive um período de especulações sobre quem o sucede. E dois nomes estão colocados na disputa.
O secretário nacional de Alfabetização Carlos Francisco de Paula Nadalim aparece como um dos mais cotados. Ex-aluno de Olavo de Carvalho, é o único sobrevivente da linha do ideólogo estabelecida na pasta no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. É crítico dos métodos de ensino do educador Paulo Freire e defensor do homeschooling, o ensino em casa. Além disso, tem muita proximidade com Weintraub.


O secretário-executivo Antonio Paulo Vogel de Medeiros também tem boas chances. Indicado pelo ex-ministro, ele é formado em Direito e Economia foi secretário-adjunto de Finanças do petista Fernando Haddad, na Prefeitura de São Paulo. Mas, apesar desse desvio à esquerda — na visão dos bolsonaristas —, se reuniu ao menos duas vezes com o presidente, nesta semana.