O Ministério Público Federal (MPF) do DF denunciou, ontem, a extremista Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, por injúria e ameaça contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Líder do grupo bolsonarista 300 do Brasil, ela foi transferida da carceragem da Polícia Federal para a Colmeia, o presídio feminino, situado no Gama.
Sara foi presa temporariamente, na segunda-feira, no âmbito do inquérito que investiga atos antidemocráticos, relatado por Moraes. Além de ofensas e ameaças ao magistrado, ela participou de um ato, na Praça dos Três Poderes, em que o prédio do STF foi alvo de fogos de artifício.
A denúncia do MPF-DF baseia-se, principalmente, em condutas de Sara em suas contas no Twitter e no YouTube. Em 27 de maio, após ser alvo de uma operação da PF de busca e apreensão, no âmbito do inquérito das fake news, também relatado por Moraes, ela chamou o ministro de “covarde”. Além disso, gravou um vídeo dizendo que queria “trocar soco” com o magistrado e que descobriria tudo sobre a vida dele, incluindo os lugares que frequenta. “Nunca mais vai ter paz na sua vida”, ameaçou a bolsonarista.
Na denúncia, o procurador da República Frederick Lustosa relatou que Sara “utilizou-se das redes sociais para atingir a dignidade e o decoro do ministro, ameaçando de causar-lhe mal injusto e grave, com o fim de constrangê-lo”. Se condenada, ela pode ser obrigada a pagar R$ 10 mil ao integrante do Supremo por danos morais.
Lustosa também apontou que a conduta da militante não afrontou a Lei de Segurança Nacional porque não houve lesão real ou potencial ao que é protegido pela lei. Sobre eventual pedido de prisão preventiva da bolsonarista, o procurador disse que não foram verificados requisitos jurídicos que o justificasse nessa investigação.
O advogado de Sara, Bertoni Barbosa, disse que a denúncia é só mais um motivo para que falem mal de sua cliente. “Ela é uma presa política”, afirmou. A defesa também pediu, ontem, à ministra Cármen Lúcia, do STF, urgência para a análise do pedido de habeas corpus em favor da extremista.
O pedido de urgência foi apresentado depois da transferência dela para o presídio feminino do DF. No documento, a defesa classifica como “absolutamente desproporcional e sem razoabilidade” a transferência da cliente, por se tratar de uma prisão temporária.
Os advogados reforçam que a bolsonarista “tem sofrido ameaças constantes, inclusive correndo risco de morte”. A Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que a detenta está em segurança, numa cela isolada das demais detentas. (JV, ST e LC)
R$ 10
mil
Valor mínimo que Sara deverá pagar ao ministro, por danos morais, caso seja condenada