Politica

Chargistas fazem campanha em apoio a colega acusado de 'difamar' Bolsonaro

Ministro da Justiça pediu que Polícia Federal e PGR investiguem o chargista Renato Aroeira e o jornalista Ricardo Noblat por charge em que presidente aparece com suástica

Correio Braziliense
postado em 16/06/2020 17:35
Charge mostra Bolsonaro pintando cruz de hospital para transformá-la em uma suástica. Ele diz: Chargistas de todo o país participaram de uma campanha em apoio a Renato Aroeira. Usando a tag #SomosTodosAroeira, os profissionais repudiaram a decisão do ministro da Justiça, André Mendonça, que pediu a abertura de um inquérito contra Aroeira e contra o jornalista Ricardo Noblat após a publicação de uma charge do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com uma suástica — símbolo associado ao nazismo.

O pedido de Mendonça — que deixou de ser Advogado-Geral da União em abril para assumir a vaga deixada por Sergio Moro — foi feito na segunda-feira (15/6). Segundo a pasta, a investigação foi solicitada à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da União (PGR), com base no Artigo 26 da Lei de Segurança Nacional, que prevê pena de um a quatro anos de reclusão para quem caluniar ou difamar o presidente da República, do Senado, da Câmara ou o do Supremo Tribunal Federal (STF). Em manifestações a favor de Bolsonaro, são comuns ofensas e xingamentos a Davi Alcolumbre (DEM-AP), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Dias Toffoli, presidentes do Senado, da Câmara e do STF, respectivamente.
 
 

Antes do pedido de Mendonça, a conta oficial da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República — antes comandada por Fabio Wajngarten e hoje subordinada ao recém-criado Ministério das Comunicações, chefiado por Fábio Faria, integrante do Centrão e genro de Silvio Santos — publicou no Twitter: "Falsa imputação de crime é crime. O senhor Ricardo Noblat e o chargista estão imputando ao Presidente da República o gravíssimo crime de nazismo; a não ser que provem sua acusação, o que é impossível, incorrem em falsa imputação de crime e responderão por esse crime".
 
 

Noblat classificou a postagem como uma ameaça, e escreveu que a Secom "virou mais um canal do gabinete do ódio": "Isso é desvio de função. Configura crime de improbidade administrativa. Seu responsável deveria ser intimado a se explicar". O colunista da revista Veja ainda republicou algumas das charges feitas em apoio a Aroeira.
 
 

Já Renato Aroeira agradeceu o apoio dos colegas e divulgou o link de um abaixo-assinado "pela liberdade de expressão". "Nós, artistas, escritores,  jornalistas, cientistas e professores, que não podemos viver e trabalhar sem democracia e liberdade, repudiamos frontalmente a declaração do Sr. Ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, que ameaçou instaurar inquérito contra o grande artista gráfico Renato Aroeira", diz a descrição do documento.
 
 

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