O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse, nesta segunda-feira (15/06), que "não há campo para virar-se a mesa", ao criticar os recentes ataques contra a Corte e os movimentos que pregam um golpe militar. Em entrevista ao Correio, o magistrado afirmou que vê com preocupação a crise institucional que assola o país, em meio à pandemia do novo coronavírus.
Marco Aurélio é mais um ministro do STF a criticar o disparo de fogos de artifício contra o prédio da Corte, na noite do último sábado, por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Esse mesmo grupo já havia cometido outras agressões ao tribunal.
"Os atos antidemocráticos não merecem a minha aprovação, porque nós vivemos em uma democracia. Vamos observar a ordem jurídica e acreditar também nas instituições, o funcionamento regular das instituições. Não há campo para virar-se a mesa", disse o ministro.
"Como se não bastasse a crise de saúde, a crise econômica, nós temos uma crise institucional. Não é bom esse somatório de crises. Vejo com preocupação", frisou.
O ministro ressaltou que as pessoas são livres para criticar as instituições, desde que sem violência. "O que nós estamos tendo é uma série de críticas exacerbadas, mas isso compõe a democracia, desde que não se parta para a violência. A crítica, por vezes, é construtiva", declarou.
Embora defenda a punição aos envolvidos nas agressões ao Supremo, Marco Aurélio disse que ainda não compreendeu por que o inquérito que apura os atos antidemocráticos esteja sendo conduzido pelo tribunal. Segundo ele, é preciso que haja entre os responsáveis pessoas com prerrogativa de foro, como, por exemplo, parlamentares.
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Questionado se tem a mesma opinião em relação a um outro inquérito em curso do STF, o que investiga fake news e ameaças à Corte, o ministro afirmou que sim. "Eu não sei se tem deputado envolvido, aí eu teria que conhecer melhor as entranhas do inquérito", disse Marco Aurélio.