Politica

Ex-marqueteiro de Aécio presta serviço de comunicação a Zema

O governo afirma que o motivo da ida do marqueteiro para a equipe é por necessidade de contratação de consultoria na área de comunicação por causa da "crise e alongamento da pandemia"

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), colocou na equipe de comunicação do Estado o marqueteiro Paulo Vasconcelos, publicitário que comandou a campanha à Presidência da República do hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB) em 2014 e responsável, ao lado da irmã do parlamentar, Andrea Neves, pela estratégia de mídia dos governos do tucano. Ao menos por enquanto, a participação de Vasconcelos na área de comunicação de Zema é "episódica" e "voluntária", segundo o Estado.

O governo afirma, porém - ao mesmo tempo em que explica o motivo da ida do marqueteiro para a equipe -, haver a necessidade de contratação de consultoria na área de comunicação por causa da "crise e alongamento da pandemia".

Em nota, o Palácio Tiradentes diz que "ao longo das últimas semanas, Paulo Vasconcelos vem prestando um apoio episódico, voluntário e pessoal nas questões de comunicação. Não há qualquer contratação neste momento, relativa a esse apoio de consultoria".

Em seguida, o texto diz que "dado o aprofundamento da crise e alongamento da pandemia, o Estado avalia a contratação de um trabalho específico de consultoria de comunicação focada neste cenário". Se comparado a outros Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, Minas Gerais, ao menos segundo os dados oficiais, registra resultados satisfatórios na tentativa de evitar a propagação do novo coronavírus.

Na área econômica, no entanto, com a elevação de gastos na Saúde, a situação piora um quadro que antes da pandemia já era ruim. O déficit para 2021 foi estimado em R$ 17,3 bilhões. O cenário nas contas públicas fez soar o alerta no governo para a área da comunicação, sobretudo levando-se em consideração que Zema deverá tentar a reeleição em 2022.

O assunto, porém, é evitado externamente por integrantes da cúpula do governo Zema, sobretudo por envolver um ex-auxiliar de Aécio. O governador do Novo foi eleito em 2018 exatamente por ser colocar contrário a Aécio e seu grupo político - que comandou o estado entre 2003 e 2014 - e ao PT, que, com Fernando Pimentel, governou Minas entre 2015 e 2018.

De acordo com Vasconcelos, a estrutura que se pretende montar para a comunicação do governo é exatamente a que existiu nas gestões de Aécio em Minas. A organização da área, segundo ele, ocorre via núcleo que reúne representantes de empresas públicas, autarquias e secretarias de Estado. Todas as ações passam por esse núcleo, retirando a autonomia individual. Durante os governos de Aécio, o núcleo tinha Andrea Neves e Vasconcelos entre seus integrantes, o que perdurou nos dois governos do tucano. A atuação dos integrantes do núcleo, no grupo, não era remunerada, segundo o marqueteiro.
 
 

Contrato


Vasconcelos afirma que, no primeiro governo de Aécio, que foi de 2003 a 2006, manteve contrato com o governo na área de comunicação, via sua agência de publicidade, chamada Vitória. Agora, com um pé no governo do Novo, o marqueteiro afirma que voltará a atuar para o Executivo estadual. "Ainda não sabemos como a contratação ocorrerá, se pelo próprio governo, ou pelo Novo", afirmou, destacando que, por se tratar de consultoria, não é necessária licitação, caso a contratação venha a ocorrer pelo governo. Ele diz que, no governo, terá salário de R$ 7,5 mil, mesmo valor pago a chefes de assessorias de comunicação de secretarias do Estado. Vasconcelos chegou ao governo Zema pelas mãos do vice-governador, Paulo Brant, em março deste ano.

Saiba Mais

Ligado aos Neves, ao menos até 2014, Vasconcelos nega que sua ida para o governo Zema possa ter relação com um possível início de influência de Aécio e Andrea no Palácio Tiradentes. "Não tenho nenhum contato com os dois", afirmou.

Assim como o ex-governador de Minas e atual deputado federal, Vasconcelos é investigado pela Polícia Federal em inquéritos que apuram corrupção passiva, corrupção ativa e caixa dois por repasses de recursos envolvendo campanhas eleitorais tucanas de 2010 e 2014. O marqueteiro nega irregularidade. "Sempre estive à disposição da Justiça", diz. O deputado tucano também nega irregularidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.