Protestos contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro tiveram pouca adesão na tarde fria e com garoa que fez ontem em São Paulo. As duas manifestações foram pacíficas e sem incidentes graves, segundo a Polícia Militar. A maior delas foi a contrária ao governante do país, que reuniu, aproximadamente, mil pessoas. Ainda assim, foi mais tímida do que a realizada no domingo anterior, com a presença de 3 mil adeptos.
Sob gritos de “fora, Bolsonaro” e cartazes a favor da democracia e contra o racismo, o protesto contou com apoio de simpatizantes da causa, políticos e torcedores de futebol. Os manifestantes usaram máscaras para conter a disseminação do novo coronavírus, mas não conseguiram evitar as aglomerações durante a caminhada pela Avenida Paulista.
A avenida, que costuma ser o principal palco de manifestações políticas da capital paulista, foi tomada pelo movimento de oposição ao presidente — como ocorreu no domingo passado com os bolsonaristas. Entre as figuras políticas que participaram do ato em defesa da democracia, estavam a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR); o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto; e Guilherme Boulos (PSOL), que integra a Frente Povo Sem Medo, uma das organizadoras do protesto.
“O que vimos hoje (ontem) e nos atos das últimas semanas é a derrota do fascismo nas ruas brasileiras”, disse Boulos, após a manifestação. O político falou, ainda, sobre o desafio das manifestações pelo receio da covid-19: “Nenhum de nós gostaria de estar nas ruas durante uma pandemia. Fomos obrigados depois de ver gente agredindo enfermeiras, pedindo ditadura e defendendo fechamento do STF e do Congresso.”
União das torcidas
Torcidas organizadas de clubes de futebol rivais também se juntaram na organização do ato. Membros de torcidas de times como Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos participaram unidos das manifestações, que começaram no meio da tarde e se encerraram antes do anoitecer. Após o enfrentamento entre movimentos pró e contra Bolsonaro, na Avenida Paulista, no último dia 31, uma decisão judicial proibiu que manifestações contrárias ocorressem simultaneamente no mesmo local em São Paulo.
O Ministério Público, então, decidiu pelo revezamento dos atos na Avenida Paulista. Por isso, os cerca de 100 manifestantes a favor do presidente da República se reuniram na frente do prédio da prefeitura da capital paulista, no Viaduto do Chá.
Vestidos de verde e amarelo e com estampas militares, os bolsonaristas pediram o fim do isolamento social na pandemia do novo coronavírus, criticaram o governador João Doria e teve quem pedisse uma intervenção militar, com Bolsonaro no poder. Desta vez, o presidente da República não se manifestou sobre os atos.
Nas redes sociais, o governador Doria se limitou a prestar solidariedade ao STF e manifestou o “profundo repúdio aos manifestantes que agridem a democracia brasileira”. “O ataque ao STF e seus ministros neste final de semana envergonha o Brasil. Demonstra a face extremista de manifestantes, que menosprezam instituições e a Constituição”, publicou.