O presidente Jair Bolsonaro recriou, ontem, o Ministério das Comunicações, tirando-o do guarda-chuva administrativo da Ciência, Tecnologia e Inovações –– sob comando de Marcos Pontes. E colocou na nova pasta o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), correligionário de Gilberto Kassab, que controla o partido. O anúncio foi feito pelo próprio presidente, em postagem no Facebook, e a mudança na estrutura administrativa do primeiro escalão governamental será por meio de medida provisória.
Faria é genro do apresentador e empresário Silvio Santos, entusiasmado defensor de Bolsonaro e pai de Patrícia Abravanel. Porém, os pessedistas não estão considerando a nomeação do deputado como cota da legenda, mas sim do próprio presidente, do qual o parlamentar é bem próximo –– a ponto de almoçarem com frequência. A recriação do Ministério das Comunicações, em tese, não amplia o espaço do Centrão, do qual o PSD faz parte, no governo.
Outra leitura que se faz da reintrodução da pasta é o esvaziamento de Marcos Pontes. Há tempos circulam rumores de que o astronauta está para ser substituído para abrir espaço exatamente para o Centrão, e também para o PSD de Kassab. A composição tem por objetivo consolidar uma base no Congresso e diminuir a pressão para um processo de impeachment –– há pelo menos 20 pedidos de abertura sobre a mesa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência, a recriação da pasta não representará aumento de despesa, uma vez que o Ministério das Comunicações vai dispor “apenas de cargos de estruturas já existentes”.
Outra alteração promovida pelo presidente é a ida da Secretaria Especial de Comunicação Social, com toda a sua estrutura, para o escopo do recém-criado ministério. Fabio Wajngarten passa a ser secretário-executivo da pasta entregue a Fabio Faria — que assina com Bolsonaro a nomeação para o cargo.