O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), partiu para o ataque contra a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) por ter antecipado operações da Polícia Federal contra governos estaduais. O chefe do Executivo paulista chamou a parlamentar de “Mãe Dináh” — numa referência à vidente que morreu em 2014 — e de “engraxa-botas de Bolsonaro”.
“A deputada Carla Zambelli prefere cumprir o papel de ‘Mãe Dináh’ em vez do papel de parlamentar. Trata a Polícia Federal como polícia privada”, ironizou Doria, durante entrevista coletiva. “Não tem cargo nem mandato na Polícia Federal, muito menos para ser porta-voz da polícia ou antecipar atos em qualquer lugar. Se ela estiver exercendo ilegalmente essa função, estamos falando de uma polícia política.”
Doria também foi taxativo ao reprovar a relação de Zambelli com o presidente Jair Bolsonaro. “São Paulo não precisa de vitrola parlamentar ideológica nem de uma deputada que prefere engraxar as botas dos militares, principalmente do seu chefe, o presidente da República”, disse.
Numa entrevista à Rádio Gaúcha, em 25 de maio, Zambelli afirmou que a Polícia Federal faria operações contra governadores “nos próximos meses” por irregularidades cometidas no enfrentamento da covid-19. No dia seguinte, o gestor do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi alvo de ação da corporação por suspeita de desvios de dinheiro da Saúde. Ontem, foi a vez de Helder Barbalho (MDB) ser foco da PF, sob suspeita de irregularidades na compra de respiradores.
Diante do avanço das investigações nos estados, Doria afirmou que nada teme: “São Paulo tem todas as ações fiscalizadas pelos órgãos e que têm competência: Ouvidoria, Ministério Público, Tribunal de Contas de Tribunal de Justiça”.
Zambelli rebateu as críticas contra-atacando. “Eu não sou Mãe Dináh, mas prevejo, sim, que o seu destino na vida pública será enterrado, pois o povo já sabe quem é o senhor”, ressaltou a deputada, em nota. “Não estou a ‘engraxar as botas’ de ninguém, mas reitero meu respeito ao Exército Brasileiro e ao presidente da República, o qual tenho a honra de defender e orgulho em lutar ao seu lado para combater pessoas como o senhor.” Por fim, a parlamentar avisou que Doria deveria cuidar mesmo das compras do estado, “pois, tenha certeza, que tudo está sendo investigado”.
Além de Doria, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou Zambelli. Para ele, a deputada recebeu, sim, informações antecipadas sobre operações da Polícia Federal contra governadores. “Se não houve vazamento, ela tem bola de cristal. Uma coisa ou outra”, ironizou, em entrevista à Rádio Gaúcha.
“A deputada Carla Zambelli prefere cumprir o papel de ‘Mãe Dináh’ em vez do papel de parlamentar”
João Doria, governador de São Paulo
“Eu não sou Mãe Dináh, mas prevejo, sim, que o seu destino na vida pública será enterrado”
Carla Zambelli, deputada federal