Após o presidente Jair Bolsonaro defender a reabertura de atividades econômicas tendo com base a fala da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que transmissão de covid-19 por assintomáticos é “muito rara”, a entidade retificou a declaração. A correção foi feita pela epidemiologista americana Maria Van Kerkhove, chefe do Programa de Emergências da instituição, que ponderou a própria fala do dia anterior.
Van Kerkhove definiu como um “mal-entendido” a interpretação da fala e disse que há poucos estudos, uma “amostragem pequena”para que se faça uma mudança nas orientações. Em coletiva de imprensa, o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, completou: "Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto", disse.
Braço da OMS nas Américas, a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) comentou o assunto em videoconferência desta terça-feira (9/6), fazendo a distinção entre assintomáticos, aqueles que não manifestam nenhum sintoma enquanto está infectado, e pré-sintomáticos, quem ainda não chegou a apresentar febre e tosse, por exemplo.
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O representante da Opas apenas destacou a importância do uso das máscaras, principalmente em transportes públicos e em ambientes sociais, enfatizando a recomendação para aqueles que fazem parte do grupo mais vulnerável, como idosos e pessoas com comorbidades. Aldighieri, no entanto, não detalhou se haverá uma mudança nas orientações neste primeiro momento, tal como foi suscitado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Por mais que a OMS tenha se corrigido, Bolsonaro usa o argumento dito na segunda-feira para pressionar governadores e prefeitos a flexibilizar as medidas de isolamento social “Isso vai mudar, no meu entender, toda a sistemática de governadores e prefeitos que botaram o Brasil no isolamento quase que absoluto”, disse o mandatário à jornalistas, na porta do Palácio do Planalto.
Mesmo após as falar amistosas por parte da organização, que garantiu não haver ruptura nas relações com o Brasil em meio às críticas tecidas por Bolsonaro, o presidente voltou a ameaçar a quebra de relações tal como fez o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A OMS ora apoia, ora não apoia, de modo que, em grande, parte perdeu a sua credibilidade”, opinou.