Correio Braziliense
postado em 08/06/2020 16:55
A defesa de Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, informou que pediu à Embaixada dos Estados Unidos asilo político à cliente, mas foi negado no início da semana passada. A informação é do advogado Bertoni Barbosa de Oliveira, que disse que não poderia detalhar como as providências foram tomadas, mas afirmou que a solicitação foi feita de maneira informal, em uma articulação junto à embaixada.
A negativa teria sido embasada no cenário de pandemia do novo coronavírus. No dia 24 de maio, os EUA anunciaram a proibição da entrada de viajantes saindo do Brasil. Além disso, segundo Barbosa, Sara teria que ficar na embaixada sem se pronunciar, até poder ir ao país na América do Norte. “Ela teria que ficar na embaixada sem se pronunciar, porque tem algumas regras. Então, ela não poderia fazer o que faz hoje. Teria que ficar quietinha até a abertura, que ninguém sabe quando”, disse.
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O pedido foi feito pela defesa depois que o ministro Alexandre de Moraes pediu à Procuradoria Geral da República (PGR) investigação de Sara por declarações nas quais ela ameaça o ministro Alexandre de Moraes.
No dia em que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra a ativista, ela chamou o ministro de “covarde” e gravou um vídeo dizendo que queria "trocar soco" com o ministro, e que descobriria tudo sobre a vida do magistrado, incluindo os lugares que ele frequenta. "Nunca mais vai ter paz na sua vida”, afirmou.
O advogado diz ter tido informação de que havia um pedido de prisão contra ela, por isso correu atrás do asilo político, mas que o pedido foi arquivado. A reportagem questionou ao Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal, para onde a solicitação de investigação foi encaminhada no dia 29 de maio. O órgão informou que as investigações contra Sara continuam. Sobre o pedido de asilo político, o Correio questionou a embaixada dos EUA se de fato houve a solicitação e aguarda retorno.
Na última quinta-feira (4), Sara deveria ter ido prestar depoimento na PF no âmbito deste inquérito das fake news. Ela não o fez, mas foi à PF com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e aguardou a saída da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que havia ido prestar depoimento.
No dia, o advogado Bertoni Barbosa disse que iria à superintendência da PF ver se havia alguma outra acusação contra ela. "Estamos suspeitando da possibilidade de uma prisão preventiva na superintendência da PF", afirmou na ocasião. Na ocasião, o defensor afirmou que ainda não tinha tido acesso aos autos do inquérito das fake news - realidade que permanece ainda hoje.
Uma nota no site do STF traz o nome de alguns dos envolvidos no inquérito que tiveram acesso aos autos autorizado. O nome de Sara não está entre eles.
Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, Sara é uma das lideranças do movimento "300 do Brasil", acampados em Brasília desde início de maio. No dia 30 do mês passado, eles fizeram um protesto em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com tochas e máscaras, a imagem lembrou a muitos ações do Ku Klux Klan (KKK), organização racista originada nos Estados Unidos que fala em supremacia branca e já cometeu diversos atos violentos contra negros.
Na ocasião, o grupo que foi protestar em frente ao STF gritava "careca togado, Alexandre descarado", "ministro, covarde, queremos liberdade", "viemos cobrar, o STF não vai nos calar"e "inconstitucional, Alexandre imoral", sempre como gritos de guerra guiados por Sara Winter.
Sobre a manifestação, o advogado afirmou na semana passada que sua cliente "jamais quis dar essa conotação". "O que ela quis foi usar da sua expertise em prol das suas convicções atuais, que são de uma mãe de família, patriota, temente a Deus. Ela disse que (o protesto) foi baseado no livro Juízes, capítulo sete, versículo 16, da Bíblia", disse.
O trecho em questão diz o seguinte: "dividiu os trezentos homens em três companhias e pôs nas mãos de todos eles trombetas e jarros vazios, com tochas dentro".
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