Politica

Luta política se sobrepõe à saúde

Apesar dos apelos para que evitem as manifestações e as aglomerações, os organizadores dos eventos anti-bolsonaristas querem dar uma prova da crescente reprovação do atual governo federal, demonstrada nas últimas semanas por pesquisas de opinião.

“Vamos para as ruas em defesa da democracia. Não vamos deixar o fascismo crescer no Brasil. Vamos combater o racismo”, anunciam as organizações Povo Sem Medo e Mais Democracia, responsáveis pelo protesto “Mais Democracia”, em São Paulo, que deve receber ao menos 50 mil pessoas na Avenida Paulista, na estimativa dos grupos.

“Não podemos aceitar calados as ações do governo fascista de Jair Bolsonaro e sua corja contra as nossas vidas e contra os nossos direitos, conquistados com muita luta. Ser anti-fascista e antirracista não é somente um ato político, é um ato humano. É hora de ocuparmos as ruas e mostrarmos que, com fascismo e racismo ,não se dialoga, combate-se. Só a luta muda a vida”, reforça o texto do “Segundo Grande Ato Contra o Fascismo”, protesto organizado por grupos como a Frente Autônoma de São Paulo, o Canal Secundarista e o Secundaristas em Luta de São Paulo.

No Rio de Janeiro, o tema da manifestação será “Vidas Negras Importam”, que é capitaneada pelo Coletivo Negro Marielle Franco. A concentração será em frente ao Monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas. Segundo os organizadores, “esse ato é uma resposta a ação genocida do Estado, nas periferias do Brasil e no mundo, contra a população negra e que segue ocorrendo e aumentando nos últimos tempos, mesmo em meio a uma pandemia”.

“Precisamos, mais do que nunca, nos unir e mostrar que não somos poucos, que não estamos paralisados e que estamos há muito tempo resistindo contra o aumento do nazifascismo e contra a contínua violência policial que ocorre nesse país”, diz o manifesto do coletivo.

Um protesto semelhante acontecerá na Praça Sete de Setembro, em Belo Horizonte, e os manifestantes pretendem homenagear crianças mortas em intervenções policiais, como Ágatha Félix e João Pedro Matos.

Para Michael Mohallem, professor de direito da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), “por mais que seja algo liderado por torcidas organizadas e ainda não muito massificado, vamos perceber que há uma mobilização muito importante de contraposição ao presidente, que vai dar equilíbrio a essa percepção de popularidade do Bolsonaro. E do ponto de vista político, tem implicações interessantes, como uma pressão cada vez maior por um processo de impeachment”.

Mohallen observa que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não vem se posicionando em relação aos processos de impeachment, porque espera mais clareza no ambiente político, “mas ,se ele estava aguardando uma resposta popular, isso começa a acontecer”. Porém, alerta: há um grande freio, a pandemia, o que traz incertezas (AF, IS e ST)