A defesa do empresário Paulo Marinho apresentou pedido ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, para que limite a perícia em seu celular somente para a extração de mensagens trocadas por ele com o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e seu assessor, coronel Braga. O ex-aliado do presidente depôs na semana passada no inquérito que apura acusações de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
Marinho foi ouvido na condição de testemunha após revelar em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que um delegado da PF no Rio vazou informações da Operação Furna da Onça à campanha de Flávio Bolsonaro. A operação foi o que levou à produção do relatório do Coaf sobre as movimentações atípicas de Fabrício Queiroz, demitido logo após o repasse da informação privilegiada
Ao depor sobre o caso perante a PF, Marinho mencionou mensagens trocadas com Flávio Bolsonaro e coronel Braga, oferecendo seu aparelho para perícia. Por 'excesso de zelo', a defesa do empresário apresentou pedido ao decano para garantir que somente essas conversas sejam extraídas.
"O depoente não desconfia, repise-se, que possa, em virtude da judiciosa condução de Vossa Excelência e das autoridades persecutórias envolvidas, ocorrer tal ilegalidade, qual seja, a captação e divulgação de conversas não autorizadas", afirmou. "Entretanto, o presente petitório se justifica pelo excesso de zelo, notadamente em razão das notícias veiculadas na mídia, alertando que está em curso verdadeira devassa ilegal em sua vida".
O depoimento de Marinho no inquérito Moro contra Bolsonaro, que apura interferências políticas na PF, está sob sigilo por ordem de Celso de Mello. A ordem também englobou todos os 'demais atos policiais que se sucederem em decorrência dos já mencionados depoimentos testemunhais'.
O empresário foi intimado a depor sobre suposta tentativa do presidente em interferir no comando da PF no Rio. Em reunião ministerial do dia 22 de abril, tornada pública por decisão do decano do Supremo, Bolsonaro cobra mudanças em sua 'segurança no Rio' ao alegar que não vai esperá-la 'foder a minha família toda'.
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A versão do Planalto é que Bolsonaro, neste momento, se referia à sua segurança pessoal, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo ministro Augusto Heleno. Em despacho, a PF cobrou provas do ministro palaciano para sustentar as reclamações do presidente.
Moro, por sua vez, acusa o presidente de ameaçar demiti-lo caso não aceitasse a saída de Maurício Valeixo da direção-geral da PF e a substituição do comando da corporação no Rio de Janeiro, foco de interesse da família presidencial.