Correio Braziliense
postado em 03/06/2020 21:09
A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República promoveu uma coletiva de imprensa na noite desta quarta-feira (3/6) para rebater as informações de um relatório produzido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News que mostrou que o Executivo federal investiu dinheiro público para vincular 2 milhões de anúncios publicitários em canais que apresentam “conteúdo inadequado”, durante a campanha pela reforma da Previdência no ano passado. O governo se eximiu de qualquer responsabilidade e culpou o Google pelas peças terem sido divulgadas em páginas impróprias.
O documento da CPMI, produzido por consultores legislativos, tem como base informações da própria Secom referentes ao período de junho a julho do ano passado. Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação pela CPMI e revelados pelo jornal O Globo. Páginas que difundem fake news e promovem jogos de azar, sites pornográficos e canais que promovem o presidente Jair Bolsonaro receberam a publicidade oficial, de acordo com o relatório.
O chefe da Secom, Fábio Wajngarten, e o secretário de Publicidade, Glen Valente, explicaram que a agência contratada para produzir as propagandas utilizou a plataforma AdSense, serviço de publicidade oferecido pelo Google, para divulgar as peças na internet. Segundo eles, como “a Secom não investe diretamente em blogs”, a falha aconteceu durante o direcionamento dos anúncios aos sites feito pelo AdSense.
“Não há, nem é possível, qualquer direcionamento para sites ou blogs impróprios porque a Secom não compra, não investe. Não existe nem blacklist nem whitelist. A gente não faz censura, a gente não faz definição de nenhuma plataforma ou exclui ninguém. A gente segue a performance da ferramenta. É ela que define de alguma forma onde o indivíduo que a gente tá buscando tá percorrendo qual caminho na internet A gente vai estar sempre atrás do indivíduo”, garantiu Valente, que minimizou a polêmica. “Se a gente identifica que tem alguma coisa errada, a gente corrige. É o processo natural.”
“A Secom não fez e não fará investimento de nenhum real em qualquer blog que seja, por minha determinação. A Secom não fará nenhum investimento no blog A ou B ou Z. Não é verdade a narrativa de hoje. Na Secom do presidente Bolsonaro não há desvios, não há favorecimento de A, B ou Z. A Secom preza a tecnicidade e a economicidade”, acrescentou Wajngarten.
Os dois ainda comentaram que a Secom “exige da agência e do Google que sites impróprios não tenham publicidade do governo”. Contudo, como a secretaria segue a performance do AdSense, Valente disse que “a gente não faz censura nem definição de nenhum plataforma”.
“Primeiro a gente define o target, ao mesmo tempo a gente faz a exclusão desses termos. A Secom não compra site, ela vai atrás do indivíduo. Se o cara está fazendo uma navegação e está interessado na Nova Previdência, ele vai ser atingido. Até quando a gente tiver identidade exatamente do que estiver sendo apresentado ou não. Se a gente identifica que existe um site impróprio, ele não vai ser remunerado”, explicou o secretário de Publicidade.
Wajngarten e Valente ainda classificaram a campanha publicitária pela reforma da Previdência como um sucesso. Houve um investimento por parte da Secom de R$ 72 milhões. Segundo os secretários, “a gente teve no Google, especificamente nessa ação, quase 400 milhões de impressões, que são as peças publicitárias publicadas nos inventários em que foram pré-selecionados pelo próprio AdSense”.
“Ou seja, se assumirmos — o que não é verdade —, que 100% do número que estão dizendo hoje na imprensa do famoso 2 milhões de impressões (em sites impróprios), que são anúncios, na verdade a gente teve uma assertividade de 99,5%. Esses 2 milhões, a média de custo de uma impressão é de R$ 0,005, ou seja, o máximo — assumido que são 100% de impressões —, são R$ 10 mil reais (de erros), numa campanha de R$ 72 milhões”, detalhou Valente.
Google responde
Por meio de nota oficial, o Google informou que "temos políticas contra conteúdo enganoso em nossas plataformas e trabalhamos para destacar conteúdo de fontes confiáveis” e que “agimos rapidamente quando identificamos ou recebemos denúncia de que um site ou vídeo viola nossas políticas”.
“Entendemos que os anunciantes podem não desejar seus anúncios atrelados a determinados conteúdos, mesmo quando eles não violam nossas políticas, e nossas plataformas oferecem controles robustos que permitem o bloqueio de categorias de assuntos e sites específicos, além de gerarem relatórios em tempo real sobre onde os anúncios foram exibidos”, disse a empresa.
Saiba Mais
“Preservar a confiança no ambiente de publicidade digital é uma prioridade. Agimos diariamente para minimizar conteúdos que violam nossas políticas e impedir a ação de pessoas mal-intencionadas em nossa rede. Somente em 2019, conforme nosso mais recente relatório de transparência, encerramos mais de 1,2 milhão de contas de publishers e retiramos anúncios de mais de 21 milhões de páginas, que faziam parte de nossa rede, por violação de políticas.”
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.